Degelo dos glaciares: Centenas de milhares de toneladas de micróbios podem ser libertados para os oceanos, avisam cientistas



Na água congelada que forma os glaciares do nosso planeta encontram-se “comunidades microbianas ativas”. Os cientistas acreditam que alguns desses microrganismos possam ser benéficos para os ecossistemas, atuando como fertilizadores, mas pouco se sabe ainda sobre eles. Por isso, é preciso mais investigação para se perceber se entre eles poderão estar patógenos que possam ameaçar a saúde humana.

Num artigo publicado na revista ‘Nature’, um grupo de investigadores do Reino Unido, Canadá, Bélgica, Dinamarca, da Áustria e da Noruega, estudaram a água derretida da superfície de oito glaciares na Europa, na América do Norte e na Gronelândia, e concluíram que mesmo no contexto de cenários de aquecimento global moderado, esses micróbios acabarão, inevitavelmente, por fluir para os ecossistemas marinhos.

Num quadro climático em que haja um aumento ‘moderado’ das emissões de carbono para a atmosfera, os especialistas estimam que “mais de cem mil toneladas de micróbios sejam libertadas” em rios, lagos, fiordes e oceanos por todo o hemisfério norte ao longo dos próximos 80 anos.

Desde o início dos anos 1990, os glaciares da Terra têm vindo a perder, em média, um bilião (trillion, em inglês) de toneladas de gelo, especialmente devido à degelo que acontece nas suas superfícies.

Arwyn Edwards, da Universidade de Aberystwyth, no Reino Unido, e um dos autores do estudo, explica que “o número de micróbios libertados depende da rapidez com que os glaciares derretem” e, por isso, de quanto mais as sociedades humanas continuarão a aquecer o planeta.

“Embora os micróbios fertilizem ambientes a jusante, alguns deles também prejudicais”, avisa. Contudo, pouco ainda se sabe sobre essas comunidades de seres microscópicos que estão aprisionados, por agora, nas vastas massas geladas. Apesar de reconhecer que a probabilidade de um desses organismos ser um patógeno que possa pôr em causa a sobrevivência das populações humanas, Edwards diz que, no entanto, não é um cenário que possa ser liminarmente afastado.





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