Descoberta de uma “bolha” de galáxias pode revolucionar a cosmologia



Uma equipa internacional de astrónomos descobriu uma “bolha” gigante de galáxias, com um diâmetro de mil milhões de anos-luz, no Universo próximo.

O membro da equipa, Cullan Howlett, da Escola de Matemática e Física da Universidade de Queensland, afirmou que a descoberta tem implicações significativas na forma como se mede a taxa de expansão do Universo – um dos principais pontos de discórdia entre os cosmólogos.

“Esta bolha fenomenal é um fóssil do tempo do Big Bang, há 13 mil milhões de anos, quando o Universo se formou”, disse Howlett.

“Nem sequer estávamos à procura dela, mas a estrutura é tão grande que se estendeu até aos limites do sector do céu que estávamos a analisar. É muito maior do que muitas das maiores estruturas conhecidas, como a Grande Muralha de Sloan e o Superaglomerado de Boötes, que, na verdade, fazem parte desta bolha”, acrescentou.

Cullan Howlett sublinha que “o que a torna ainda mais inacreditável é o facto de estar mesmo no nosso quintal”.

A bolha, encontrada através de dados do Cosmicflows-4 e do Sloan Digital Sky Surveys, está centrada a cerca de 820 milhões de anos-luz da nossa galáxia.

A equipa de investigação, liderada pelo Instituto de Astronomia da Universidade do Havai, deu à bolha o nome de Hoʻoleilana, em homenagem a um cântico havaiano sobre a criação que evoca a origem da estrutura.

Estruturas deste tipo são previstas pela teoria do Big Bang, como um padrão de rugas na distribuição da densidade do universo primitivo, conhecidas como Oscilações Acústicas de Bariões (BAO).

As BAO constituem uma forma independente de medir a taxa de expansão do Universo e a forma como essa taxa se alterou ao longo da história cósmica.

Howlett afirmou que esta poderá ser a primeira vez que os astrónomos identificam com sucesso uma BAO individual.

“O bónus desta descoberta é que nos dá uma imagem mais clara da taxa de expansão do Universo”, explicou, acrescentando que “a nossa análise sugere que, como esta bolha é maior do que o esperado, o Universo expandiu-se mais do que o inicialmente previsto”.

Para o investigador, “as discrepâncias nas medições da taxa de expansão do Universo são provavelmente o maior problema atual da cosmologia e isto vem alimentar ainda mais a conversa”.

“Estamos agora um passo mais perto de uma grande mudança no campo da cosmologia, em que todo o modelo do Universo poderá ter de ser reavaliado”, afiança.

Os investigadores vão utilizar os dados da próxima geração de estudos de galáxias, incluindo o Dark Energy Spectroscopic Instrument, para estudar e confirmar mais pormenores sobre Ho’oleilana, BAO e a taxa de expansão do Universo.

“Esperamos que os dados nos deem uma capacidade sem precedentes para pesquisar o Universo em busca de descobertas ainda mais incríveis”, concluiu Howlett.





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