Descoberta na Austrália nova espécie de geco com cauda em forma de folha
Foi na paradisíaca ilha de Scawfell, a 50 quilómetros da costa da Austrália continental e rodeada pelas mesmas águas que banham a Grande Barreira de Coral, que Conrad Hoskin, da Universidade James Cook, descobriu uma espécie de geco até agora desconhecida da Ciência.
Batizado com o nome científico Phyllurus fimbriatus, o réptil é endémico da costa oriental australiana e vem juntar-se às 10 espécies que pertencem a esse género. Quando o descobriu, em novembro de 2021, Hoskin participava numa exploração científica de quatro dias que tinha como objetivo estudar os gecos Phyllurus, bem como outros lagartos nessa ilha remota.
Num artigo publicado recentemente na revista ‘Zootaxa’, o investigador escreve que a morfologia e padrões nas escamas do novo geco o distinguem “obviamente” das outras espécies desse género que já foram descritas.
Com uma face bicuda, patas longas e finas e uma cauda em forma de folha, este geco pode chegar aos 11 centímetros de comprimento. Hoskin considera que “é incrível ainda encontrar espécies grandes e espetaculares nos dias que correm”, apontando que “o facto de este geco se ter mantido escondido da ciência mostra que existem ainda áreas na Austrália com segredos por desvendar”.
O P. fimbriatus foi descoberto numa área repleta de grandes rochas debaixo de figueiras e rodeadas por fetos. A sua coloração serve, segundo o cientista, como uma camuflagem perfeita, que permite ao réptil passar despercebido aos olhos dos predadores enquanto se aquece ao sol no topo de um dos muitos pedregulhos que cobrem a ilha de Scawfell.
Hoskin não sabe ao certo qual a dimensão da população de P. fimbriatus, mas conseguiu perceber que existem, pelo menos, 30 indivíduos na ilha, e apela a que sejam realizados mais estudos na área para se poder avaliar o estado de conservação desta nova espécie e, se necessário, atuar para conservá-la.
A Austrália tem sido um dos países mais fustigados por incêndios florestais, sobretudo durante a época do verão. No entanto, Hoskin acredita que “as rochas são provavelmente proteções muitos boas contra o fogo”, mas avisa que as espécies invasoras, como o Hemidactylus frenatus, e a captura ilegal podem pôr em risco a estabilidade e sustentabilidade da população destes gecos, uma ameaça partilhada com outras espécies.
O cientista, apesar de reconhecer que a ilha de Scawfell está abrangida pelo Parque Nacional de South Cumberland, alerta que o fogo é uma ameaça que merece especial atenção por parte dos investigadores e das autoridades gestoras da vida selvagem, salientando que “o aumento das ondas de calor e/ou das secas devido às alterações climáticas podem resultar numa mudança da frequência ou da intensidade dos incêndios” nesse pequeno território insular.
Resta agora saber se a P. fimbriatus é exclusivo da ilha de Scawfell, mas Hoskin adianta no artigo que não foram encontrados gecos do género Phyllurus nas ilhas circundantes, o que leva a crer, embora ainda sem sustento científico robusto, que a nova espécie poderá apenas ocorrer nesse pedaço de terra, relativamente intocado pelos humanos, no Mar de Coral.