Dia Nacional da Sustentabilidade: Setor do vidro quer produção totalmente neutra em carbono até 2050
O Dia Nacional da Sustentabilidade, celebrado em Portugal a 25 de setembro, “é a data perfeita para reforçar o compromisso da indústria do vidro de embalagem para atingir a neutralidade carbónica, tornando-se ainda mais sustentável”, sublinha a Associação dos Industriais do Vidro de Embalagem ( AIVE) em comunicado.
Segundo a mesma fonte, a indústria do vidro de embalagem “orgulha-se de produzir embalagens saudáveis, reutilizáveis e infinitamente recicláveis em circuito fechado”. O vidro é um material “permanente, o que significa que pode ser reciclado infinitamente sem perda das suas propriedades intrínsecas; é inerte e mantém-se sempre saudável e seguro para embalagens de qualidade alimentar, independentemente do número de vezes que é reciclado”. Ao abordar as emissões de carbono da indústria, “é possível oferecer uma solução de embalagem totalmente neutra para o clima, para além de ser totalmente circular”.
O comunicado acrescenta que, nos últimos anos, a indústria vidreira tem efetuado um enorme investimento na descarbonização, eficiência energética e modernização das fábricas, com o objetivo de tornar o vidro uma solução de embalagem carbonicamente neutra, substituindo os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis, como o hidrogénio, a biomassa e a eletricidade verde. É também uma ambição do setor, continuar a reduzir a utilização de matérias-primas virgens, aumentando a taxa de recolha de embalagens de vidro usadas para 90% até 2030 e procurar todas as formas de tornar as embalagens de vidro mais leves, para reduzir as emissões do transporte e da produção.
” Até 2050, a indústria do vidro de embalagem quer transformar por completo a sua produção, passando a oferecer soluções de embalagem totalmente neutras em termos de carbono, para além de totalmente circulares”, garante a associação.
Segundo a mesma fonte, a indústria “já percorreu um longo caminho no processo de descarbonização, consumindo menos 70% de energia, emitindo menos 50% de CO2 e as embalagens são 30% mais leves do que há cinquenta anos, reduzindo também, desta forma, a pegada do transporte”. Ainda assim, “são precisas ainda algumas mudanças significativas” para atingir o objetivo de zero emissões de carbono e estes são os seus compromissos:
- Transição energética nas tecnologias de fusão: A eficiência energética dos fornos de vidro representa o principal desafio para alcançar a neutralidade carbónica enquanto indústria. A indústria do vidro está empenhada em reduzir 60% das emissões diretas de CO2 dos fornos, através de uma transição energética nas tecnologias de fusão através dos chamados Fornos do Futuro. Estes fornos procuram substituir grande parte do gás natural por eletricidade e outros combustíveis não fósseis, como a biomassa ou o hidrogénio.
- Redução das emissões de C02 através da utilização de vidro reciclado: 20% das emissões de CO2 provêm da fusão de matérias-primas no forno, que podem ser reduzidas através da sua substituição por vidro reciclado. Cada tonelada de vidro reciclado poupa 1,2 toneladas de matérias-primas virgens, com uma redução de energia de 3% por cada 10% de vidro reciclado no forno e uma redução de 5% das emissões de gases com efeito de estufa.
- Incentivos ao investimento: O setor continua a investir em múltiplas vias de investigação e inovação para apoiar a transição para uma economia hipocarbónica. Tem de ser também apoiada por uma estratégia energética política e incentivos financeiros que proporcionem um quadro propício a esta nova revolução industrial.
A indústria “tem uma preocupação na abordagem não só do CO2, mas também de outras emissões provenientes do seu processo produtivo”. No entanto, o processo de transformação “exige investimentos importantes nos próximos anos. O quadro regulamentar deve combinar cuidadosamente os incentivos à redução da poluição e proporcionar flexibilidade suficiente para a integração de tecnologias novas e potencialmente disruptivas”, afirma.
O apoio e o financiamento do sector público “são, por conseguinte, cruciais para ajudar a indústria a implantar as tecnologias necessárias para cumprir os objetivos de descarbonização estabelecidos pelo Acordo de Paris sobre o Clima: uma redução de 61% das emissões de CO2 até 2030, em comparação com 2005, e uma neutralidade líquida de carbono até 2050”, conclui.