Director de sustentabilidade da Ikea vem a Portugal discutir estratégia da filial portuguesa
O director global de sustentabilidade da Ikea chega na próxima semana a Portugal para discutir a estratégia da subsidiária portuguesa para este tema. O responsável falará, entre outros, com Ana Teresa Fernandes, responsável pela comunicação corporativa e relações públicas. A garantia foi hoje dada pela própria Ana Teresa Fernandes, durante o congresso LiderA, dedicado aos produtos e serviços sustentáveis.
“Na Ikea, o nosso responsável pela sustentabilidade reporta directamente ao nosso CEO, o que dá uma ideia da importância da sustentabilidade para nós. Aliás, vou elaborar, com ele, a estratégia de sustentabilidade da Ikea para Portugal nos próximos anos”, revelou Ana Teresa Fernandes.
A sustentabilidade na multinacional sueca foi o principal tema abordado pela responsável, que começou por afirmar que a empresa defende o lema “the lowest price with a meaning” [o preço mais baixo com um significado], alicerçando os seus produtos sempre em critérios como a sustentabilidade, qualidade, estilo, funcionalidade e segurança.
“A sustentabilidade tem ganho cada vez mais importância na Ikea, apesar de já a desenvolvermos há 60 anos”, revelou.
Depois, Ana Teresa Fernandes falou de negócio. Dedicou vários minutos da sua apresentação a falar dos fornecedores, explicando que grande parte destes estavam na Europa, continente onde a Ikea vende 80% dos seus produtos. “Às vezes perguntam-me se temos muitos fornecedores na China, Bangladesh ou Índia. [Ao contrário de outras empresas] não temos tantos fornecedores na Ásia. Se 80% das nossas vendas são na Europa, temos que ter os nossos fornecedores perto, com tudo o que isso representa ao nível do transporte das matérias-primas, por exemplo”, revelou.
Hoje, a Ikea tem sete fornecedores em Portugal, 2710 colaboradores, duas fábricas – a caminho da terceira – três lojas (a primeira, Alfragide, abriu em 2004) e representa 100 milhões de euros na balança de exportações portuguesas.
Ao todo, a multinacional sueca já investiu 495 milhões de euros em Portugal, um valor que será “mais do que duplicado nos próximos anos”. O que poucos sabem é que a Ikea chegou a Portugal em 1976, através de uma representação local. Data desse ano, também, o primeiro fornecedor português da multinacional sueca.
Mais: 90% dos produtos desenvolvidos em Paços de Ferreira são exportados para países como os Estados Unidos ou França. Para lojas Ikea, claro.
Ana Teresa Fernandes falou várias vezes do “triângulo da sustentabilidade”, alertando que, se a multinacional esquecer um dos lados desse triângulo, pode inclusive acabar com o seu próprio negócio. “E nós não queremos ‘arrumar’ um negócio que tem tantos anos”, gracejou.
Em 2000, a Ikea lançou o IWAY, um código de conduta para fornecedores, um documento que já teve cerca de 100 mil alterações e que promete não ficar por aqui. “Ainda estamos muito longe de termos todos os nossos fornecedores certificados” – avançou a responsável – “mas estamos a lutar muito por isso”.
A média prazo – 2015 -, a multinacional sueca pretende que 90% das suas vendas sejam de produtos com um nível de sustentabilidade perto de 100%. Até lá, a Ikea tem cinco prioridades: oferecer produtos mais sustentáveis, lutar por uma sociedade com menos emissões de carbono, reduzir a pegada hídrica, tratar bem das pessoas e utilizar os resíduos de forma sustentável.
Para o final ficaram dois exemplos de como a multinacional trabalha, na prática, o seu desenvolvimento sustentável. A empresa tem 12 colaboradores, em países como Polónia, Rússia e Roménia, cujo trabalho é monitorizar o abate ilegal de árvores; paralelamente, ao retirar alguns – poucos – centímetros a um sofá já histórico na lista de produtos da marca, a Ikea conseguiu colocá-lo nas célebres embalagens planas, tendo com isso conseguido vários marcos sustentáveis de relevo. Um deles ficou na mente de todos os presentes no Centro de Congressos do Instituto Superior Técnico: uma redução de 4.700 toneladas de CO2 só no primeiro ano deste teste.
“A rentabilidade a longo prazo é muito importante, [e esta é mais uma razão] para que a Ikea tenha de salvaguardar o planeta”, tinha começado por afirmar Ana Teresa Fernandes. Uma afirmação que a sua apresentação veio a confirmar.