Electrão assume gestão directa dos plásticos perigosos da reciclagem de eléctricos em Portugal
O Electrão – Associação de Gestão de Resíduos, vai promover um projeto inovador, totalmente pioneiro em Portugal, para separar, durante o processo de reciclagem, os plásticos com substâncias perigosas existentes em equipamentos elétricos usados, nomeadamente os plásticos que contêm retardadores de chama, que são poluentes orgânicos persistentes (POP).
O projeto, designado por “Controlo de Plásticos Mistos e com Retardadores de Chama”, será desenvolvido em parceria com a Interecycling – Sociedade de Reciclagem e com a AVE – Gestão Ambiental e Valorização Energética, dois dos principais operadores de tratamento de resíduos nacionais, revela o Electrão em comunicado.
Segundo a mesma fonte, este projeto, que surge no contexto da atividade de gestão de equipamentos elétricos usados desenvolvida pelo Electrão, “decorre dos requisitos definidos pela legislação nacional e europeia, mas é também uma resposta à necessidade de otimizar os processos e melhorar as metas de reciclagem. Ao mesmo tempo dá resposta à crescente preocupação sobre o efeito nocivo dos materiais e dos químicos aí presentes na saúde e no ambiente”.
Os plásticos mistos, objeto do projeto, “são considerados perigosos porque contêm agentes retardadores de chama, que são misturas de químicos adicionadas a uma ampla gama de produtos, de forma a torná-los menos inflamáveis”. Estão aqui incluídos alguns plásticos usados em equipamentos elétricos, sobretudo pequenos eletrodomésticos, equipamentos informáticos, de comunicação e tecnologia e as televisões mais antigas (CTR’s). Os retardadores de chama “são químicos poluentes persistentes, bioacumuláveis e tóxicos para o homem e para o ambiente”, explica a associação.
Atualmente, tal como decorre de diretrizes europeias, o fabrico de novos equipamentos elétricos já tem em consideração a restrição de substâncias químicas perigosas. A nova geração de equipamentos já tem em conta esses limites previstos, que pressupõem menor impacto, mas conferem aos equipamentos as mesmas características de resistência ao calor e fogo, o que tem sido possível graças à investigação e desenvolvimento técnico promovidos por vários fabricantes.
O projeto de Investigação & Desenvolvimento, alavancado pelo Electrão, “permitirá fazer o controlo e a caracterização do nível de presença e disseminação dos plásticos mistos com retardadores de chama nas categorias de equipamentos elétricos usados referidas”.
Para o desenvolvimento do projeto será considerada a totalidade dos plásticos resultantes do tratamento dos equipamentos elétricos usados, recolhidos na rede Electrão e encaminhados para as instalações da Interecycling. Os plásticos serão separados recorrendo a meios óticos e separação por densidade.
Como resultado do processo de separação “será possível obter um fluxo de plásticos sem retardadores de chama, livre de contaminação de componentes químicos perigosos, que será encaminhado para reciclagem sem qualquer problema de segurança. Estas quantidades serão contabilizadas para efeitos da taxa de reciclagem”, acrescenta o Electrão.
Já a fração de plásticos com retardadores de chama será encaminhada para valorização energética, conforme previsto na legislação, para queima e eliminação em ambiente controlado, operação que será coordenada pela AVE.
O projeto “será o ponto de partida” para a definição de uma estratégia de tratamento destas frações críticas, nomeadamente dos plásticos POP, no âmbito do sistema de gestão de equipamentos elétricos do Electrão.
A iniciativa “possibilita ainda a adoção das melhores práticas e técnicas disponíveis para a separação e tratamento das substâncias químicas perigosas, potenciando a correta cadeia de valor e cumprimento legal vigente sobre o plástico”, conclui a mesma fonte.