Enzimas estão a começar a comer plástico graças à poluição
À medida que a poluição por plástico aumenta em todo o mundo, também o meio ambiente se começa a alterar e a adaptar. Um novo estudo da Universidade de Tecnologia de Chalmers, na Suécia, descobriu que o número de enzimas microbianas capazes de degradar este material está a aumentar.
A investigação recolheu amostras de ADN ambiental em mais de 60 localidades a nível mundial. Os cientistas encontraram 30 mil homólogos de enzimas que conseguem degradar plástico, cerca de 12 mil no oceano e de 18 mil em terra. São degradáveis dez tipos de plástico, seis polímeros – butileno adipato-co-tereftalato, polietilenoglicol, politereftalato de etileno, polihidroxibutirato, ácido polilático e poliuretano – e quatro aditivos – dibutilftalato, poliamida, ácido tereftálico e ftalato. Perto de 60% das enzimas que tinham esta função não correspondiam a nenhuma classe conhecida.
“Atualmente, muito pouco se sabe sobre estas enzimas que degradam o plástico, e não esperávamos encontrar um número tão grande em tantos micróbios e habitats ambientais diferentes. Esta é uma descoberta surpreendente que realmente ilustra a escala do problema”, afirma Jan Zrimec, autor do estudo.
O número de enzimas era superior em áreas mais poluídas, como no Oceano Pacífico Sul e no Mar Mediterrâneo. Além disso, os resultados demonstraram que, quanto maior era a profundidade no mar, mais consistentes eram as enzimas.
A equipa acredita que esta descoberta pode ajudar na luta contra o plástico. Como explica Aleksej Zelezniak, professor associado de Biologia sistémica na Universidade. “A próxima etapa seria testar as enzimas candidatas mais promissoras em laboratório para investigar de perto as suas propriedades e a taxa de degradação do plástico que podem atingir. A partir daí, podemos criar comunidades microbianas com funções degradantes direcionadas para tipos específicos de polímeros”.