Espanha perdeu 10 milhões de andorinhas desde 2004
Milhares de andorinhas que regressam à Europa na Primavera, vindas do continente africano, onde se abrigaram durante o Inverno, estão em perigo, de acordo com a Sociedade Cientifica de Conservação SEO/Birdlife.
“O uso intensivo de insecticidas na agricultura mata o principal alimento das andorinhas – pulgões e insectos voadores”, observa o técnico da Sociedade Espanhola de Ornitologia, Blas Molina.
Actualmente, já não se lavra a terra com antigamente. Para economizar custos, os insecticidas e herbicidas são pulverizados, refere o El País.
“Eles matam tudo, e se não há plantas, não há insectos. E se não há insectos, não há pássaros”, acrescenta Molina, referindo também que, “nas cidades, os ninhos destas espécies são abatidos devido aos seus excrementos, o que causa uma série de prejuízos, pois as andorinhas são forçadas a abandonar os seus locais preferidos para a reprodução”.
Segundo o El País, desde 2004 que têm desaparecido em Espanha, por ano, cerca de um milhão de andorinhas – de 30 milhões passaram para 20 milhões em 2014.
As andorinhas são aves com o ciclo de vida muito curto – vivem cerca de quatro anos – mas neste caso, ao contrário dos pássaros de grande porte, têm níveis de reprodução muito elevados. Assim, o que está a ocorrer é que a espécie não tem hipótese de renovar as gerações.
“No entanto, este problema não é só com as andorinhas”, refere o coordenador da SEO/Birdlife, Juan Carlos del Moral, que acrescenta que “aves como a perdiz e o pardal também estão a ser afectadas e a deixar de migrar para Espanha”.
A documentação da organização também refere que a queda brutal do número de andorinhas é um sintoma da deterioração das paisagens e do declínio na qualidade de vida.
Para além disso, de acordo com o rastreamento de dados, 125 espécies ligadas a ambientes agrários, como a codorniz, a rola e a coruja, têm desde 1998 vindo a ter um decréscimo bastante pronunciado.
No seu 60º Aniversário a SEO/Birdlife nomeou a andorinha como o pássaro do ano, devido ao facto dos especialistas considerarem que é muito importante criar uma consciência social sobre este animal.
Foto: edu_fon / Creative Commons