Espanha reduziu descargas no Douro “de comum acordo com Portugal”
Espanha diminuiu “de comum acordo com Portugal” as descargas de água de barragens hidroelétricas para o caudal do rio Douro previstas para esta semana, disse hoje à Lusa o Ministério da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhol (MITECO).
Na sequência de uma reunião no sábado passado entre os governos dos dois países, foi tomada “de comum acordo” a decisão de “reduzir a descarga de água das barragens hidroelétricas durante esta última semana do ano hidrológico, perante a evidência de que já não se vai cumprir a 100 por cento o estipulado na Convenção de Albufeira”, que rege a gestão e os caudais dos rios partilhados por Portugal e Espanha, segundo uma resposta a questões da agência Lusa da assessoria de imprensa do MITECO, que assim confirmou uma informação avançada pela agência de notícias espanhola EFE.
“As conversações com Portugal são diárias. Respondem ao compromisso mútuo de gerir as bacias hidrográficas partilhadas com lealdade e de maneira solidária na atual situação de seca e de gerir os recursos hídricos equitativamente, atendendo aos usos prioritários nos dois lados da fronteira e zelando, ao mesmo tempo, pelo bom estado ecológico dos rios partilhados”, acrescentou o ministério espanhol.
Até sexta-feira, 30 de setembro, quando termina o atual ano hidrológico, Espanha tinha previsto a descarga de 400 hectómetros de água na barragem de Almendra, no rio Tomes, entre Salamanca e Zamora, para cumprir a Convenção de Albufeira, sendo este um dos pontos em que a redução acordada terá mais impacto, a par da barragem de Ricobayo, no rio Esla, em Zamora.
Segundo a agência de notícias EFE, a necessidade de fazer esta descarga de 400 hectómetros cúbicos em Almendra, a quarta maior barragem espanhola em termos de capacidade, teria obrigado a uma obra de emergência, para uma captação flutuante de água, de forma a garantir o abastecimento de 48 povoações de Zamora.
Na segunda-feira da semana passada, cerca de três mil agricultores das províncias de León, Zamora e Salamanca manifestaram-se no centro da cidade de León para exigir a paragem da libertação de água para Portugal no âmbito do acordo de Albufeira.
A Associação de Comunidades de Rega da Bacia do Douro (Ferduero) disse estarem em causa “libertações extraordinárias” de água e considerou que se trata de uma “espoliação” que estava a ocorrer de forma unilateral e sem qualquer tipo de diálogo, acusando o Ministério da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhol de voltar continuamente as costas à irrigação e ao mundo rural.