Especialista em florestas diz que espécies invasoras na Madeira são uma “falha grande”
O especialista em florestas e fogo Francisco Rego considerou hoje que o avanço das espécies invasoras na Madeira é uma “falha grande”, salientando que têm de ser combatidas de forma a evitar a propagação de incêndios.
“O problema das espécies invasoras é, com certeza, uma falha grande e, portanto, há um combate sempre necessariamente a fazer-se”, afirmou o engenheiro silvicultor, em declarações aos jornalistas, à margem do 9.º Congresso Florestal Nacional, que decorre no Funchal entre hoje e sexta-feira.
Questionado se a Madeira tem defendido corretamente o seu património, Francisco Rego respondeu que “é sempre um copo meio cheio e meio vazio”.
“Há, de facto, momentos muito interessantes, mas há com certeza também muito para fazer. E muita da floresta e das espécies que foram introduzidas não estão a fazer aquilo que era suposto fazer. Tem aqui muitas espécies, e também invasoras, que vão fazer um papel negativo”, realçou.
O especialista advertiu que “há sempre um trabalho a fazer na preservação das espécies autóctones, que podem ser tanto ecologicamente interessantes, como economicamente valorizadas, e que são uma fonte de atração para os turistas mais interessados”.
Francisco Rego referiu que nem todos os turistas que visitam a Madeira procuram praia, notando que há quem se desloque à Madeira “para olhar para a Laurissilva como um património natural, que é extraordinário e merecer ser cada vez mais reconhecido e valorizado”.
O engenheiro silvicultor destacou, por outro lado, a retirada de pastoreio das serras da região, considerando a medida uma “aposta ganha”.
“Houve, durante muito tempo, uma degradação das serras, sobretudo com pastoreio excessivo que importava regular. E aí houve trabalho muito significativo da parte dos serviços florestais”, frisou.
O especialista em florestas acrescentou que, entretanto, “algum pastoreio regulado poderá ser reintroduzido”, mas “de uma forma bastante diferente da que era tradicionalmente utilizada e conduziu à degradação” das serras madeirenses.
Por seu turno, a secretária regional do Ambiente da Madeira, Susana Prada, defendeu que a gestão florestal adotada pelo Governo Regional (PSD/CDS-PP) “tem sido muito frutífera”, sustentando que “a área ardida tem vindo a diminuir sucessivamente”.
Susana Prada referiu que arderam 74 hectares no ano passado, “o valor mais baixo desde 2006”.