Estradas e construções estão a derreter com o aquecimento global
No alto das montanhas da China, uma estrada solitária leva ao Tibete. Com uma extensão de mais de mil quilmetros, a estrada Qinghai-Tibet parece que foi construída sobre areias movediças. Ou melhor, solo derretido. O permafrost debaixo da via está a derreter, fazendo com que o terreno ceda. Em alguns pontos da estrada são bem visíveis a presença de enormes fendas.
Um artigo publicado em abril de 2020 afirma que os responsáveis pela construção e manutenção de estradas em áreas de permafrost vão enfrentar “desafios de engenharia significativos” à medida que o degelo se agravar nos próximos 100 anos. Nesta região — e em vários outros climas frios —, o permafrost que se manteve firme por milhares de anos está agora a infiltrar-se no solo aquecido. Prédios, estradas e ferrovias correm o risco de danos permanentes.
A lista de estruturas e edifícios conhecidos por terem sido danificados pelo permafrost é longa e variada. Inclui as paredes de blocos de apartamentos na cidade russa de Yakutsk, que agora estão a partir-se. Oleodutos na Rússia e em outros países correm o risco de romper graças às mudanças no solo. Uma história semelhante aconteceu em Svalbard, um arquipélago norueguês. Centenas de casas foram demolidas nos últimos anos porque foram construídas sobre alicerces de madeira que agora se tornaram instáveis no terreno flexível.
Em outras partes do Ártico, empresas com mais recursos estão a recorrer à tecnologia para manter o solo congelado e estável. Algumas companhias de petróleo, por exemplo, instalam tubos que permitem que o calor escape do solo para o manter frio. Entre as empresas que adotam essa abordagem, está a ConocoPhillips – os aparelhos contêm um fluido que circula de forma passiva, levando o calor do solo para a superfície, onde é dissipado.