Estudo confirma espécie agressiva de formiga com colónias na Europa
Cientistas alertaram ontem para a existência de ninhos de formigas-de-fogo na Sicília, Itália, o primeiro caso de reprodução sem controlo na Europa desta espécie muito agressiva, originária da América do Sul, que já existe noutros pontos do mundo.
Um estudo publicado na revista Current Biology, liderado pelo Instituto de Biologia Evolutiva (IBE), de Espanha, identificou 88 ninhos de formigas-de-fogo espalhados por cinco hectares perto da cidade de Siracusa.
“Tratam-se de colónias invasoras que podem ter vindo da China ou dos Estados Unidos, onde também é uma espécie invasora, de acordo com as análises genéticas” agora publicadas no estudo, que inclui “modelos ecológicos” com “previsões alarmantes sobre o potencial de colonização desta formiga na Europa”, uma situação “facilitada pelas alterações climáticas”.
A formiga-de-fogo vermelha, é uma espécie invasora “que tem tido um grande impacto nos ecossistemas, na agricultura e na saúde humana em vários países do mundo”, alertam os investigadores.
“A sua picada é dolorosa e irritante e pode provocar pústulas e reações alérgicas, com um possível choque anafilático”, pode ler-se no estudo.
A sua presença nos Estados Unidos causou um prejuízo estimado em cerca de seis mil milhões de euros por ano, enquanto países como a Austrália gastam milhões na tentativa da sua erradicação
Antes deste caso, as formigas-de-fogo tinham sido encontradas ocasionalmente na Europa em produtos importados mas nunca se tinha verificado a sua reprodução livre.
As colónias agora detetadas “estão localizadas numa zona suburbana da cidade de Siracusa, na Sicília, que inclui um estuário e um parque natural”, uma “zona isolada, pelo que é pouco provável que tenha sido o primeiro ponto de entrada na ilha”.
Os modelos de distribuição da espécie sugerem que “metade das zonas urbanas da Europa seriam climaticamente adequadas para o estabelecimento desta espécie invasora”, nomeadamente as “cidades costeiras mediterrânicas, altamente ligadas por portos marítimos”.
Por isso, “esforços coordenados para a deteção precoce e resposta rápida na região são essenciais para gerir com sucesso esta nova ameaça, antes que se espalhe de forma incontrolável”, alertou Roger Vila, investigador principal do grupo, citado no documento hoje publicado.
De acordo com o investigador, “o público pode desempenhar um papel fundamental na deteção” da espécie, “devido às suas picadas dolorosas e aos montes característicos dos seus ninhos, embora seja necessária a confirmação de um especialista”.