Etiópia começa a gerar energia na mega barragem do Nilo Azul
A Grande Barragem do Renascimento(GERD, na sigla em inglês), destinada a ser o maior projeto hidroelétrico em África, tem estado no centro de uma disputa regional desde o seu lançamento em 2011. Após nove anos de impasse nas negociações, os Estados Unidos e o Banco Mundial têm vindo a promover, desde novembro de 2019, discussões destinadas a chegar a um acordo entre os três países.
Para a Etiópia, um país de 110 milhões de habitantes, a GERD é um projeto essencial ao seu desenvolvimento. E um motivo de união nacional num país marcado pelas divisões. Mas a sua construção foi uma surpresa para os vizinhos, que não receberam qualquer aviso prévio. Tanto o Sudão como o Egito acreditam que o enchimento da barragem poderia afetar gravemente os níveis de água do Nilo nos seus respetivos territórios.
A Etiópia, por seu lado, considera que a obra, que será a maior barragem hidroelétrica de África quando concluída, é estratégica para o seu desenvolvimento, tanto em termos de irrigação para a sua agricultura, como em termos da sua capacidade de produzir eletricidade.
O Nilo, que percorre cerca de 6.000 quilómetros, é uma fonte vital de abastecimento de água e eletricidade para pelo menos 10 países da África Oriental. A barragem, orçamentada em 4,6 mil milhões de dólares, cerca de 4,2 mil milhões de euros, tem como objetivo garantir eletricidade a mais de 70 milhões de etíopes.
“A eletricidade recentemente produzida a partir da GERD poderia ajudar a relançar uma economia que foi devastada pelas forças combinadas de uma guerra mortal, o aumento dos preços dos combustíveis e a pandemia de Covid-19”, disse Addisu Lashitew, da Brookings Institution em Washington, à agência AFP.