Flor dada como extinta volta a aparecer 40 anos depois



Uma flor silvestre dada como extinta pela comunidade científica foi agora, 40 anos depois, avistada pela primeira vez na Cordilheira dos Andes. A Gasteranthus extinctus foi nomeada em 2000 e, tal como o nome transmite, já se encontrava extinta. Os únicos registos da planta são de 1977 e 1985, na Serra de Centinela, tendo-se depois dado como extinta devido à extensa desflorestação ocorrida naquela zona do Equador, que acabou por destruir habitats e extinguir várias espécies endémicas. Agora, um novo estudo confirma a presença da espécie em 2019 e 2021 no mesmo local.

Os investigadores de instituições de França, Estados Unidos e Equador, encontraram a planta logo no primeiro dia da expedição. Para poderem confirmar a espécie, tiraram algumas fotografias e apanharam apenas flores já caídas no solo, para não correrem o risco de colher os únicos espécimes vivos.

“Não tínhamos uma foto para comparar, tínhamos apenas imagens de espécimes secos de herbário, um desenho de linha e uma descrição escrita, mas tínhamos quase a certeza de que a tínhamos encontrado com base nos seus espessos pelinhos e nas vistosas ‘flores barrigudas’”, conta Nigel Pitman, um dos autores do estudo.

Como explica o autor Dawson White do Museu Field de História Natural, “o nome do género, Gasteranthus, significa ‘flor da barriga’ em latim. As flores têm uma grande bolsa na parte inferior com uma pequena abertura no topo por onde os polinizadores podem entrar e sair”.

Após confirmação com o especialista taxonómico John Clark, o grupo ficou a saber de que se tratava efetivamente da espécie Gasteranthus extinctus. Estão agora a ser desenvolvidas estratégias para proteger esta zona, de forma a garantir que as poucas plantas são protegidas.

“Redescobrir esta flor mostra que não é tarde demais para reverter até mesmo os piores cenários de biodiversidade, e demonstra que há valor em conservar até as menores e mais degradadas áreas. É uma evidência importante de que não é tarde demais para explorar e inventariar plantas e animais nas florestas altamente degradadas do oeste do Equador. Novas espécies ainda estão a ser encontradas e ainda podemos salvar muitas coisas que estão à beira da extinção”, afirma Dawson White.

Fotografias da Gasteranthus extinctus. PhytoKeys 194: 33-46 DOI: 10.3897/phytokeys.194.79638




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