Frangos de supermercado são cada vez mais pequenos devido à crise



Um dos grandes efeitos da crise foi a redução do poder de compra dos consumidores. A mesma quantia de dinheiro permite-lhes agora comprar menos produtos, comparando com o período anterior à crise. Contudo, não foram apenas os produtos que encareceram. Muitas marcas foram reduzindo o tamanho das suas embalagens ou diminuindo a quantidade de produto por embalagem.

Porém, esta realidade não afectou só os produtos embalados. Segundo uma investigação da imprensa britânica, um consumidor atento já poderá reparar que também o tamanho de alguns animais, como o coelho e o frango, que são vendidos inteiros, foi diminuindo ao longo do tempo em que a recessão se instalou. Mais notório que o tamanho dos coelhos é a diminuição do tamanho dos frangos que vão parar às prateleiras dos supermercados. Não só os consumidores adquirem uma menor quantidade de produto pelo mesmo preço, como também frangos mais pequenos são sinónimo de que o bem-estar destes animais está comprometido.

Quanto menor for a frango, menor é o seu período de vida. Um frango que pese cerca de um quilo ou pouco mais terá sido abatido apenas com cinco semanas de vida. Até ir parar aos supermercados, uma cenoura demora 84 dias até estar criada. As batatas demoram cerca de 125 dias. Mas estes frangos demoram pouco mais de um mês, explica uma investigação da imprensa britânica.

Mas o menor período de vida traduz-se numa outra consequência. A maioria dos aviários ingleses tem um limite quanto à capacidade de aves que consegue albergar. Esta capacidade é normalmente calculada com base no peso por metro quadrado. A capacidade de cada metro quadrado tende a ser de 38 quilos. Se, em média, uma galinha pesar 2,2 quilos antes de ser abatida para consumo, cada metro quadrado pode conter 17 galinhas – o que significa que cada galinha tem um espaço equivalente ao tamanho de uma folha A4 para viver.

Porém, se o peso final da galinha for reduzido significa que o aviário pode ter mais animais por metro quadrado, o que permite ao produtor aumentar o seu lucro, já que tem mais animais para vender. Com esta redução de peso, um aviário que antes albergava 40 mil animais pode agora abrigar cerca de 50 mil, o que é mau para as galinhas, segundo as associações de protecção animal.

“As galinhas mais pequenas são mais activas e precisam de mais espaço para se movimentarem, não de menos”, explica Tracey Jones, directora de Food Business da Compassion in World Farming. “Se as galinhas tivessem mais espaço para se movimentarem, esta maior actividade iria melhorar a qualidade das suas curtas vidas”, indica.

O custo é factor motivador desta redução de peso das galinhas. Depois de grandes aumentos no preço de outras carnes, a galinha tornou-se uma opção relativamente barata. No entanto, o aumento do preço das rações e dos custos da energia, aliados à diminuição do poder de compra dos consumidores acelerou esta tendência para criar galinhas mais pequenas e leves.

Foto:  aprilskiver / Creative Commons





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