Gás natural está a ultrapassar o carvão como fonte de emissões de CO2 nos EUA
As estimativas apontam que este ano os EUA vão alcançar uma meta história: pela primeira vez as emissões de dióxido de carbono pela queima de gás natural no país vão superar níveis relativos à queima de carvão – o maior poluidor do clima em todo o mundo.
As emissões da queima de gás natural deverão ser até 10% mais elevadas do que as emitidas pelo carvão, em 2016. Isto numa altura em que as empresas eléctricas apostam cada vez mais em centrais que funcionam a gás natural em substituição das que operam a carvão, de acordo com dados do Departamento de Energia dos EUA. Para este ano esperam-se assim valores na ordem das 1,5 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono de gás natural, contra as 1,4 mil milhões de toneladas provenientes do carvão.
Medidas como a Clean Power Plan, implementada pela administração Obama, também estão a ter um papel decisivo nesta mudança, uma vez que incentivam os serviços a abandonar o carvão, como maneira de evitar as emissões de gás de estufa. Tudo para se conseguir, tal como estabelecido no Acordo de Paris, limitar as emissões poluentes para prevenir que o aquecimento global exceda os 2°C, mantendo-se em níveis pré-industriais.
Para Perry Lindstrom, analista na U.S. Energy Information Administration, o aumento do gás natural está a reduzir a intensidade do carbono – a quantidade de dióxido de carbono emitida por unidade de energia. “Produz-se mais energia por tonelada de CO2 emitida por gás natural, do que por carvão”, explica Perry ao Climate Central.
Mas nem tudo são boas notícias nestes dados. Embora o gás natural queime “energia mais limpa” que o carvão, produzir gás natural,canalizando-o para centrais eléctricas, liberta gás metano para a atmosfera. Estudos indicam que o metano é um gás de estufa 35 vezes mais potente que o dióxido de carbono na condução das mudanças climáticas, com as concentrações atmosféricas deste gás por todo o mundo a aumentarem progressivamente desde 2007.
“Enquanto o gás natural se compara em termos relativamente favoráveis ao carvão quando visto através da lente de CO2, o inverso é verdadeiro para o metano “, defende Robert Howarth, biogeoquímico na Universidade de Cornell. “Algum metano é emitido quando queimamos carvão, mas muito mais metano é libertado quando usamos gás natural, o que não é surpresa, visto que o gás natural é composto principalmente de metano”, conclui o especialista.
Foto: Duke Energy/ Creative Commons