Glocalização, pessoas e economia são o futuro das cidades médias
Como podem as cidades médias (ou concelhos médios, no caso de Cascais) investir no seu futuro sustentável? A questão colocada hoje, na Culturgest, aos presidentes de Cascais, Águeda e Viseu não terá bem esta, mas os três partilharam a sua visão para o futuro dos respectivos municípios e as respostas, curiosamente, foram tudo menos ensaiadas.
“[Sou adepto] da glocalização, ou seja, na aposta dos factores diferenciadores para ser competitivo”, frisou Carlos Carreiras, o presidente da Câmara de Cascais. O autarca recordou as invejáveis condições geográficas do seu concelho – perto do mar, com um Parque Natural a ocupar um terço do espaço e junto a uma capital europeia – e vincou que ter uma boa governança e salvaguardar os recursos são políticas fundamentais para qualquer líder de cidades.
“Temos feito cidades insustentáveis e estúpidas. São agregadoras de homens e não facilitadoras”, criticou. Carreiras explicou ainda que quer investir no turismo de saúde e em três C’s. “Conhecimento, competências e criatividade”.
Outro dos presentes no debate, Gil Nadais, presidente da Câmara de Águeda, foi mais pragmático na sua abordagem. “O principal capital das cidades são as pessoas. São elas que criam o emprego, que são responsáveis pela necessidade de escolas, educação, que depois criam os tempos livres e as respectivas infra-estruturas”, explicou.
Esta pirâmide de necessidades só é possível com uma economia pujante. “Queremos pôr as pessoas a desenvolver a região, uma comunidade viva. Não nos comparamos a Viseu ou Cascais, mas apostamos nas pessoas”, explicou.
O autarca insistiu também na necessidade de desburocratizar os processos dos munícipes e aposta na sustentabilidade – nas bicicletas eléctricas partilhadas, por exemplo.
Finalmente, o presidente da Câmara de Viseu, António Almeida Henriques, confessou-se “novato” nas lides autárquicas mas chegou com várias cartas na manga. “Acabámos de garantir a ida da Biz Direct para Viseu, ganhámos um concurso a cinco cidades, duas delas internacionais”, explicou.
Almeida Henriques explicou que a grande mais-valia de Viseu é a sua qualidade de vida, atracção das pessoas para o centro histórico e vida universitária. “Temos sete mil pessoas no ensino superior, o que se reflecte na dinâmica da cidade, sobretudo cultural”, argumentou. A cidade tem um sector de comércio e serviços “muito activo” e tem como desafio constante o tentar fixar as pessoas no interior.
E o leitor, é cidadão de Cascais, Viseu ou Águeda? Concorda com estas análise?