Grandes parques aumentam a diversidade de mamíferos nas zonas adjacentes não protegidas



Uma nova investigação descobriu o poder dos grandes parques nacionais não só para aumentar a diversidade de aves dentro das suas fronteiras, mas também para promover a diversidade de mamíferos em áreas próximas não protegidas.

Matthew Luskin, da Universidade de Queensland, afirmou que o estudo, que envolveu a utilização de mais de 2.000 câmaras e pesquisas de aves em todo o Sudeste Asiático, revela pela primeira vez o benefício da expansão de áreas protegidas em todo o mundo para lá dos limites dos parques.

“A expansão das áreas protegidas é frequentemente um processo difícil e dispendioso, mas os nossos resultados mostram que vale absolutamente a pena”, afirmou Luskin, explicando que “já sabemos que as áreas protegidas podem reduzir o abate de árvores – e isso vê-se nas imagens de satélite – mas o que não se vê é o número de animais no interior da floresta”.

Segundo o investigador, “também sabemos que os parques marinhos registam frequentemente a propagação da biodiversidade, em que os peixes se reproduzem com sucesso dentro dos limites do parque e os seus descendentes se dispersam, beneficiando os habitats circundantes”.

“O que não sabíamos até agora”, acrescenta, era se os parques terrestres “são bem-sucedidos na propagação da biodiversidade ou se simplesmente deslocam as perdas de biodiversidade para as áreas circundantes”.

“A nossa análise revelou os benefícios que os parques, especialmente os de grandes dimensões, têm para os mamíferos terrestres”, apontou.

Especificamente, continua, “descobrimos que ao comparar áreas desprotegidas próximas de grandes reservas com áreas desprotegidas que não faziam fronteira com grandes reservas, as grandes reservas geraram um aumento de até 194 por cento na diversidade de mamíferos.”

Os investigadores afirmam que os resultados proporcionam uma vitória de conservação muito necessária para as grandes reservas na mega-biodiversidade da região do Sudeste Asiático, que está ameaçada por uma multiplicidade de fatores, nomeadamente a caça e a desflorestação.

“A caça é uma preocupação fundamental para o Sudeste Asiático e um dos principais suspeitos da razão pela qual se supõe que a diversidade está a diminuir fora dos parques”, afirma Luskin, acrescentando que os caçadores “são móveis e, por isso, pensámos que a proibição da caça dentro dos limites dos parques poderia apenas deslocar estas atividades para áreas desprotegidas próximas, prejudicando o seu benefício líquido”.

Segundo Luskin, “é comum ver caçadores dentro e fora dos parques em muitos países e esperávamos que a remoção de animais de caça pelos caçadores reduzisse a diversidade, mas parece que os parques limitam a caça na medida em que não removem completamente esses animais”.

Outro benefício provável dos grandes parques, continua, “é o facto de suportarem animais de grande porte, como os tigres ou os elefantes, que se deslocam por paisagens inteiras, incluindo áreas protegidas e não protegidas”.

Estudo constitui motivação para que futuros parques privilegiem a dimensão

O autor principal, Jedediah Brodie, da Universidade de Montana e da Universiti Malaysia Sarawak, afirmou que o trabalho das equipas constitui uma clara motivação para que os futuros projetos de parques privilegiem a dimensão como fator-chave. “Isto enquadrar-se-ia perfeitamente no objetivo da ONU “30 até 2030″, que prevê o aumento das áreas protegidas para 30 por cento de todo o território”, apontou.

Segundo o autor, “os parques de maiores dimensões apresentam habitualmente uma maior diversidade de aves e, tendo em conta o objetivo das Nações Unidas de 30 até 2030, estes resultados apoiam a criação de menos parques de maiores dimensões em vez de muitos parques de menores dimensões.”

No futuro, os investigadores pretendem quantificar as mudanças na abundância de mamíferos e aves dentro e fora dos parques e expandir o seu trabalho para outras regiões, incluindo a Austrália.

“Suspeito que os parques apoiarão a abundância de mamíferos ainda mais do que a diversidade”, disse Brodie.

“É certamente uma perspetiva interessante e a equipa espera clarificar a relação entre os tipos de parques e a biodiversidade para garantir resultados de conservação ótimos”, conclui.





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