Grandes tubarões são frequentemente os mais afetados pela pesca



A conservação dos tubarões deve ir além da simples proteção das suas populações e dar prioridade à preservação dos papéis ecológicos dos mesmos, revela uma nova investigação.

Os grandes tubarões de muitas das maiores espécies, como os tubarões-tigre e os tubarões-brancos, desempenham um papel de grande relevo em oceanos saudáveis, mas são frequentemente os mais afetados pela pesca.

Estes grandes tubarões ajudam a manter o equilíbrio através dos seus hábitos alimentares e o seu tamanho é suficiente para afugentar as presas que poderiam consumir em excesso as ervas marinhas e outras plantas necessárias para a saúde dos oceanos.

Também podem ajudar a moldar e a manter o equilíbrio de baixo para cima. Isto significa que são necessários vários tubarões de vários tamanhos, mas as suas muitas e diversas contribuições estão ameaçadas pela sobrepesca, pelas alterações climáticas, pela perda de habitat, pela extração de energia, pelas atividades de navegação e muito mais.

O estudo, liderado pela Universidade Internacional da Florida (FIU) e apoiado pela Universidade de Flinders, foi publicado na revista Science e lança uma nova luz sobre o papel que os tubarões desempenham na saúde dos oceanos e porque é que o tamanho deve ser um fator nas decisões de conservação.

“Chegou a altura de conversarmos sobre tudo o que os tubarões estão a fazer para manter a saúde dos oceanos, de modo a podermos dar prioridade aos esforços de conservação e ter o maior impacto possível”, afirmou Simon Dedman, investigador da Universidade Internacional da Florida e principal autor do estudo.

A questão da conservação dos tubarões torna-se ainda mais crítica à medida que as temperaturas globais aumentam, levando alguns tubarões a dirigirem-se para novas áreas onde podem encontrar temperaturas que lhes permitam prosperar.

Para além de ajudarem a manter o equilíbrio na teia alimentar, os tubarões dos recifes alimentam-se em águas longínquas e trazem nutrientes para os recifes. Outros deslocam nutrientes que são utilizados na base da cadeia alimentar.

Os tubarões podem também servir de alimento a outras espécies e até servir de local para os peixes se coçarem e removerem os parasitas.

O problema é que a abundância de tubarões caiu 71% nas espécies oceânicas nos últimos 50 anos.

As populações das cinco principais espécies de tubarões dos recifes foram reduzidas em 63%.
À medida que o seu número diminui, perde-se também o seu importante papel na saúde dos oceanos.

Coautor do estudo na Universidade de Flinders, o Professor Charlie Huveneers afirmou que as atividades humanas, como o turismo e o crescimento do desenvolvimento costeiro ou das infraestruturas energéticas, podem afetar o comportamento e os padrões de alimentação dos tubarões e, por conseguinte, o seu papel ecológico.

O professor afirmou que “são necessários regulamentos e monitorização para garantir que podemos continuar a construir uma economia azul forte, evitando impactos prejudiciais nos nossos ecossistemas marinhos.”

“A política nacional e internacional deve concentrar-se em ações que reconstruam as populações e restaurem os papéis funcionais dos tubarões”, disse Mike Heithaus, coautor do estudo e ecologista marinho da FIU.

“Isso requer ações para aumentar tanto as medidas espaciais, como as Áreas Marinhas Protegidas, como as medidas de gestão das pescas, como os limites de captura/tamanho e as limitações das artes. Se as pessoas querem oceanos saudáveis, precisamos de populações de tubarões saudáveis”, acrescentou.

Já Lee Crockett, diretor executivo do Shark Conservation Fund, que financiou o estudo, afirmou que “este estudo confirma o que há muito suspeitávamos – os tubarões são fundamentais para a saúde dos oceanos”.

“Este estudo histórico serve como confirmação de que os conservacionistas marinhos, os filantropos, os decisores políticos e o público em geral precisam de reconhecer que os tubarões são espécies-chave que têm um efeito significativo comprovado nos ambientes marinhos”, concluiu.





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