Greenpeace ergue estátua de Bolsonaro a imitar imperador Nero
A organização não-governamental (ONG) Greenpeace ergueu uma estátua do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a imitar o imperador romano Nero, num protesto contra a destruição do Pantanal, que enfrenta os piores incêndios das últimas décadas.
A estátua, denominada “BolsoNero” estabelece uma comparação entre o chefe de Estado brasileiro e o imperado Nero, que viu Roma arder enquanto tocava a sua harpa.
“Tal qual Nero e a sua harpa na Roma incendiada, a melodia desvairada de abusos e desmantelamentos do Governo Bolsonaro simboliza o projeto de destruição que atiça o fogo nos principais biomas naturais brasileiros”, indicou a ONG em comunicado na sexta-feira.
A estátua, de quatro metros de altura e maioritariamente branca, simula a do imperador Nero, mas com o rosto de Bolsonaro.
Com uma coroa de louros na cabeça, uma harpa dourada na mão esquerda e a direita erguida como se desse uma ordem, a efígie é complementada com uma túnica sobre a qual se estende um tecido com o padrão de uma onça, o principal felino do pantanal brasileiro e que está sob ameaça devido aos incêndios.
O Pantanal brasileiro, considerada a maior zona húmida do planeta, teve 14% da sua área devastada pelo fogo apenas em setembro, superando todo o território destruído em 2019, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
No mês passado, o Pantanal brasileiro registou 8.106 focos de incêndio, um número recorde desde 1998.
Já no acumulado do ano, de janeiro a setembro, 26% de todo o bioma do Pantanal foi consumido pelo fogo, num total de 18.259 fogos contabilizados.
Além da estátua, a Greenpeace escreveu numa área do Pantanal a mensagem “Pátria Queimada Brasil”, em substituição do ‘slogan’ do atual Governo “Pátria Amada Brasil”, responsabilizando Bolsonaro pela destruição ambiental no país.
“O Brasil está literalmente em chamas graças à política incendiária do atual Governo que, em vez de apresentar ações coordenadas e efetivas de proteção ambiental e à vida das pessoas, continua tocando a melodia desvairada do seu projeto de destruição, ameaçando e queimando a biodiversidade brasileira e fragilizando a já combalida economia do país”, afirmou a diretora de programas do Greenpeace Brasil, Tica Minami.
“Ao desdenhar o meio ambiente, é como se o Governo de Bolsonaro queimasse uma marca extremamente valiosa chamada Brasil: investidores, empresários, banqueiros, chefes de Estado e entidades nacionais e estrangeiras já advertiram que devem retirar investimentos do país por não quererem estar associados a prática de crimes ambientais”, frisou a ONG em comunicado.
Soma-se ainda o corte de 58% nos recursos financeiros para apoio a unidades de conservação e ações de prevenção e combate a incêndios neste ano, segundo a Greenpeace.
Situado na região centro-oeste, o Pantanal é uma planície que tem 80% de sua área inundada na estação chuvosa e é considerado um santuário de biodiversidade, onde ainda se encontra preservada uma fauna extremamente rica, que inclui animais como o jacaré, arara-azul ou onça-pintada.
Contudo, atravessa agora uma situação preocupante, ao enfrentar os piores incêndios das últimas décadas.
Especialistas indicam que o aumento das chamas na zona húmida do Pantanal se deve ao aumento da desflorestação ilegal, que vem crescendo gradativamente a cada ano, causando uma série de mudanças climáticas, como a alteração do ciclo natural das chuvas.
Este ano não choveu o suficiente durante a temporada, o que baixou os níveis de humidade do Pantanal para os menores índices dos últimos anos.