Greta Thunberg alerta que a crise climática ainda não é prioridade na agenda política
A jovem ativista ambiental Greta Thunberg alerta que a crise climática ainda está longe de ocupar um lugar de destaque nas agendas políticas, três anos após o início do movimento internacional “Fridays for Future” com o seu primeiro protesto diante do Parlamento sueco, no dia 20 de agosto de 2018.
“A crise climática apareceu mais na agenda, mas ainda está muito, muito longe do necessário”, afirmou Thunberg numa conferência de imprensa virtual organizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e divulgada hoje por ocasião do lançamento de um índice para medir a vulnerabilidade das crianças à crise climática.
A ativista sueca insistiu que os menores e os jovens não são apenas vítimas de uma crise herdada: “Nós também lideramos a luta contra ela, mas precisamos da vossa ajuda”.
“Devemos lembrar que as crianças não são apenas as vítimas da crise, mas também a solução. Temos que ouvir as crianças ”, frisou.
Thunberg, que participou na conferência de imprensa com a diretora do UNICEF, Henrietta Fore, e vários jovens ativistas de outros países, também criticou a classe política por “não tentar encontrar soluções”.
“Parece que estamos apenas a negociar enquanto tentam criar becos sem saída em vez de tentar encontrar soluções, o que realmente mudaria as coisas”, afirmou em referência às cimeiras do clima realizadas em diferentes países e à Conferência do Clima de Glasgow (COP26 ) agendada para novembro deste ano.
Greta ressalvou que, enquanto as alterações climáticas forem tratadas como algo “muito distante” e como uma questão científica sobre a qual nada pode ser feito, nenhuma solução pode ser encontrada.
“Para realmente mudar as coisas e encontrar soluções para a atual crise climática, não apenas os sintomas da crise climática, precisamos ir às raízes e tratá-la como uma crise”, continuou a ativista.
Para Thunberg, “se quem detém o poder não tiver vontade de fazê-lo agora, as coisas continuarão as mesmas, e nós, infelizmente, não esperamos que o façam, ou pelo menos eu não, embora fosse mais do que feliz se demonstrarem que estou errada”.
Do lado positivo, destacou que, além dos políticos, milhões de pessoas se mobilizaram, principalmente os jovens, e “este, é claro, é um passo muito importante na direção certa”.
“Podemos mudar qualquer coisa, tudo pode mudar da noite para o dia se simplesmente decidirmos coletivamente que vamos responsabilizar os responsáveis pelas suas ações e que vamos agir agora para tratar esta crise como a crise que é”, acrescentou.
Greta Thunberg iniciou um protesto em 2018 para exigir ações contra as alterações climáticas que a tornaram referência mundial nessa luta.
A jovem foi nomeada três vezes para o Prémio Nobel da Paz, reuniu-se com o Papa e os principais líderes mundiais e fez discursos na ONU e em importantes cimeiras do clima.