Gronelândia: natureza em risco com levantamento da proibição da extracção de urânio
Aleqa Hammond, primeira-ministra da Gronelândia, saudou o levantamento da proibição relativa às minas de urânio, que durou 25 anos, crendo ser um grande passo para a independência económica e política face à Dinamarca, ao mesmo tempo que desafia o domínio da China, que controla 90% da produção de minerais raros.
O fim da proibição pode ter implicações geopolíticas globais, pois a Gronelândia produzirá um quarto dos minerais raros do mundo, utilizados em tudo, desde telemóveis, lâmpadas a armamento. Segundo Aleqa Hammond afirmou ao Financial Times no Concílio Nórdico em Oslo, “É um grande passo em direcção à independência”. Mas, acrescentamos nós, a que custo ambiental?
Em 2009, a Gronelândia passou a ter autonomia governamental, embora dependa da Dinamarca no que concerne à defesa e segurança, bem como recebendo um valor anual que corresponde a um terço do seu orçamento.
A sua principal indústria é a pesca, responsável por mais de 80% da exportação. “Temos uma economia baseada numa única fonte e, sendo ela tão frágil, nunca nos levará à independência económica. A taxa de desemprego é elevada e temos necessidade de criar emprego para as próximas gerações”, frisou a primeira-ministra Hammond.
“A nossa economia deve ser baseada no que temos e não em algo proveniente da Dinamarca. Não posso evitar que tenhamos montanhas com urânio, montanhas com ferro, montanhas com minérios raros. Esta é uma opção fantástica para uma população tão pequena”, acrescentou.
A extracção mineira ainda demorará e a Gronelândia precisará de ajuda para extrair os elementos. A GME Kvanefield iniciará a discussão com o governo, pedindo uma licença de construção que não se prevê iniciar antes de 2015, começando a produção em 2017.
O levantamento da proibição tornou-se bastante controverso, tendo os habitantes da Gronelândia apelado a um referendo. A primeira-ministra determinou que tal seria possível, quando as empresas como a GME tornassem claros os seus planos.
A tensão com a Dinamarca também está patente. Helle Thorning-Schmidt, primeiro-ministro dinamarquês, afirmou que a Gronelândia possui um governo autónomo e que, portanto, cabe-lhe tomar esse tipo de decisões. Acrescenta ainda que na extracção mineira dever-se-ão seguir as regras do Reino da Dinamarca, ao que Aleqa Hammond contra-atacou relembrando a cedência do controlo da extracção de minerais em 2009. Não obstante, ambos os primeiros-ministros concordaram em nomear um grupo que assegurasse a defesa e segurança dinamarquesas.
A primeira-ministra garante que a entrada de dinheiro não irá desestabilizar o país. Crê que a mudança pode chegar mais rápido do que muitos acreditam e substituir a subvenção dinamarquesa. “Estamos prontos para isto? Estamos prontos para sermos uma nação mineira com muitas pessoas a virem do exterior para trabalhar? Estamos preparados para os gronelandeses se tornarem numa minoria? Vai ter um enorme impacto e eu tenho que lutar para que o mesmo seja positivo”.
E o Green Savers pergunta, como será esta destruição de um dos últimos territórios em estado primitivo, onde ainda nada foi feito?