HalfScreen Day: engenheiro português luta contra nova moda de usar dois ecrãs



Há seis anos que Paulo Carvalho, engenheiro português radicado no Luxemburgo, tem dois ecrãs instalados no seu computador, no Luxembourg Institute of Science and Technology (LIST). Paulo partilha o escritório com seis colegas – todos com dois ecrãs para trabalhar – mas admite que o segundo ecrã não serve, realmente, para nada.

“Apenas ligo um [ecrã]. Apesar de perceber que existam situações em que usar os dois ou mais ecrãs seja útil – e mesmo necessário –, o que verifico – não só com colegas mas também, por exemplo, com a minha esposa, que trabalha no sector bancário e também usa dois ecrãs – é que muitas vezes o segundo ecrã está ligado durante todo o dia apenas e só para se poder visualizar a caixa de entrada do e-mail”, explicou Paulo ao Green Savers.

O engenheiro acredita que os dois ecrãs são práticos mas não essenciais. Ou seja: no seu caso, o consumo de electricidade do computador poderia ser dividido por dois. É este o ponto de partida da iniciativa HalfScreen Day, que o português submeteu, com sucesso, no Sustainable Energy Week, que vai decorrer em Junho em toda a Europa.

A iniciativa, coordenada pela União Europeia, permite que organizações, grupos ou pessoas individuais possam criar eventos específicos para esta semana. Paulo propôs o HalfScreen Day, evento que pede aos cidadãos para desligarem um dos dois ecrãs que utilizam durante o mês de Junho, e foi aceite

“Estando actualmente a trabalhar num RTO (Research and Technology Organisation), inserido numa equipa de IT dentro de uma unidade ligada ao ambiente, sempre tive muito interesse [nesta área]”, confessou ao Green Savers.

“Fiquei muito satisfeito ao ver a minha ideia aceite pelo comité de organização. Sem ter algum tipo de pretensão, não estava muito à espera de uma resposta positiva. No entanto, ela chegou”, continuou.

Com o HaldScreen Day, Paulo Carvalho pretende incentivar as pessoas a utilizar apenas um ecrã. A monitorização poderá ser feita pelas próprias pessoas, utilizando um tipo de formulário.

Quem é Paulo Carvalho?

Filho de emigrantes, Paulo Carvalho nasceu em Mâcon, Borgonha, em 1977, e regressou a Portugal com onze anos. Sem saber falar português, ele foi atrasado um ano nos estudos, no 6º ano, mas completou todo o ensino até 1996, tendo entrado para a Universidade do Minho. Saiu licenciado em Engenharia de Sistemas e Informática (LESI), em 2001, ano em que começou a trabalhar na recém-criada WeDo Consulting, em Braga.

Por lá se manteve até 2005. “[Nesse ano] decidi emigrar de forma a poder aproveitar o facto de dominar a língua francesa. E também porque não me sentia valorizado e, por que não dizê-lo, [queria] melhorar os meus rendimentos”, revelou.

paulo carvalho
Paulo Carvalho

De 2005 até 2007 trabalhou para uma empresa de consultoria na “Cours de Justice Européenne” (Tribunal Europeu). Até que foi contratado para um centro de pesquisa – Centre de Recherche Public Gabriel Lippmann – o que o obrigou a desenvolver e aplicar os seus conhecimentos de informática no desenvolvimento de software e a escrever artigos científicos.

“Em 2013 comecei a trabalhar em part-time num projecto de tese (phd) com a colaboração da Universidade de Tours, França. Este projecto, que em princípio termina no fim deste ano, está ligado ao mundo open data, visualização de dados e integração de dados”, continuou. O ano passado, o Centre de Recherche Public Gabriel Lippmann fundiu-se com o Centre de Recherche Public Henri Tudor, originando o maior RTO do Luxemburgo: LIST (Luxembourg Institute of Science and Technology.

É desde o Luxemburgo, desde então, que faz parte de uma equipa IT (eScience) integrante de um departamento ligado ao ambiente (ERIN – Environmental Research and Innovation). “Dentro desta equipa, para além de trabalhar na minha tese, desenvolvo projectos de pesquisa e desenvolvimento de software, elaboro artigos científicos que abordam temas ligados à informática, ambiente ou a ambos”, revelou ao Green Savers.

Agora, ele lidera um movimento para acabar com o segundo ecrã do computador, alegando que existe uma nova tendência de dois ecrãs por profissional que é exagerada e um desperdício de energia. E provavelmente tem razão.

Foto: Håkan Dahlström / Creative Commons





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