Hamburgo vai construir rede verde que cobrirá 40% da cidade



Há um centro europeu que promove o ciclismo como principal meio de transporte e que está a desenvolver um projecto para construir uma rede vocacionada para as bicicletas e peões, sem caminhos rodoviários e que ligue a parques e parques infantis, da cidade aos subúrbios.

Bem-vindos a Hamburgo, cujo projecto verde cobrirá 40% da cidade. “Irá ligar parques, áreas recreativas, parques infantis, jardins e cemitérios através de caminhos verdes”, conta Angelika Fritsch, porta-voz do departamento de planeamento urbano e ambiente, ao Guardian Sustainable Business.

“Outras cidades, incluindo Londres, têm anéis verdes, mas esta rede será única ao cobrir uma área desde os subúrbios ao centro da cidade. Dentro de 15 a 20 anos, será possível explorar a cidade, unicamente, de bicicleta e a pé”.

A rede verde ligará ainda habitats de animais, permitindo que as criaturas cruzem a cidade sem o risco de serem atropeladas. Provavelmente, e o mais importante, a rede absorverá as emissões de CO2 e ajudará a prevenir inundações que ocorram aquando de tempestades.

“Hamburgo sempre foi uma cidade verde, com muitos parques”, afirma Jens Kerstan, líder do Partido Verde no parlamento da cidade. “A rede verde faz sentido numa perspectiva de adaptação às mudanças climáticas, especialmente, quando os nossos residentes são progressistas quando o que está em causa é essa adaptação. Muitos querem desistir dos carros, o que é muito pouco usual na Alemanha”.

Efectivamente, as mudanças climáticas deixaram as cidades com poucas soluções, senão desenvolver planos como a rede verde. Fritsch afirma que devido às correntes do mar, Hamburgo está bem posicionada para combater temperaturas mais elevadas, embora estas já a estejam a afectar.

Hoje, a temperatura anual média é nove graus, mais 1,2 graus do que há 60 anos”, relata o Dr. Insa Meinke, director do North German Climate Bureau no Institut für Küstenforschung. Segundo dados deste instituto, Hamburgo teve cinco dias quentes (acima dos 30 graus) no verão do ano passado, comparado com os dois de 1952.

Segundo Fritsch, dado que os residentes, especialmente crianças, idosos e doentes, sofrem quando as temperaturas aumentam, impõe-se a necessidade de tornar o clima da cidade o mais confortável possível.

As alterações climáticas também já estão a afectar o nível da água no porto. “Comparado com há 60 anos, o nível do mar subiu 20 centímetros”, explica Meinke. “Enquanto cidade grande, Hamburgo está realmente em risco. As tempestades podem elevar ainda mais a água, entre 30 a 110 em 2100”. Por outras palavras, Hamburgo necessita da rede verde, pois esta ajudará a limitar os efeitos das inundações.

Copenhaga foi pioneira e bem sucedida neste projecto. Mas, ao contrário desta, não falta muito para a rede verde estar completa em Hamburgo. Actualmente, esta está a ser desenvolvida por 30 pessoas da cidade, auxiliadas por membros dos sete distritos urbanos.

Esta rede abrangerá cerca de sete mil hectares. Fritsch crê que não será apenas um meio de deslocação, mas permitirá também escalar, nadar, praticar desportos aquáticos, aproveitar os restaurantes e fazer picnics, estar num espaço calmo e observar a natureza e a vida animal dentro da cidade. “Tal reduz a necessidade de andar de carro nas saídas ao fim-de-semana, reduzindo o impacto ambiental”, acrescenta.

Uma vida urbana moderna: andar, fazer ciclismo, observar a natureza mesmo onde se vive. As mudanças climáticas já estão a provocar soluções futurísticas e pró-natureza.





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