Hipopótamos sobreviveram na Europa durante muito mais tempo do que se pensava
Embora sejam conotados com as paisagens africanas subsarianas, os hipopótamos viveram, em tempos longínquos, na Europa. Pensava-se terem desaparecido durante a última Era Glacial, mas sobreviveram no “velho continente” durante muito mais tempo.
Até agora, considerava-se que os hipopótamos-comuns (Hippopotamus amphibius) se tinham extinguido na Europa há aproximadamente 115 milhões de anos, com o fim do último período interglacial. Contudo, uma nova investigação revela que esses grandes mamíferos ainda viviam no sudoeste da Alemanha em plena “idade do gelo”, há entre 47 mil e 31 mil anos.
Num artigo publicado este mês na revista ‘Current Biology’, um grupo de cientistas, liderado pelo Instituto de Bioquímica e Biologia da Universidade de Potsdam (Alemanha), dá a conhecer os resultados de análises feitas a 19 amostras de ossos fossilizados de hipopótamos encontrados numa região conhecida como “Upper Rhine Graben”. Essa área é descrita pelos investigadores como “um importante arquivo climático” da Europa, devido à boa preservação dos fósseis lá escavados.
Os estudos genéticos realizados não só mostram que os hipopótamos realmente viveram na Europa durante a última Era Glacial, como confirmaram que são próximos dos hipopótamos que atualmente vivem em África e pertencem à mesma espécie.
Apesar de terem resistido durante muito mais tempo do que se supusera, os hipopótamos da Era Glacial europeia viviam em populações pequenas e isoladas, com baixa diversidade genética, sobrevivendo num refúgio climático. Com a intensificação do frio que rolava sobre o continente, os hipopótamos, animais amantes de temperaturas mais amenas, acabaram por desaparecer.
“Os resultados demonstram que os hipopótamos não desapareceram do centro europeu no final do último [período] interglacial, como era assumido anteriormente”, sentencia, em comunicado, Patrick Arnold, primeiro autor do artigo.
“Por isso, devíamos reanalisar outros fósseis de hipopótamos da Europa continental tradicionalmente atribuídos ao último período interglacial”, sugere.