Incêndios florestais na Grécia são maior catástrofe ecológica em décadas
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, classificou hoje os incêndios florestais que destroem o país há mais de uma semana como a maior catástrofe ecológica a que a Grécia assistiu em décadas.
Centenas de fogos florestais deflagraram por todos o país, enquanto este atravessava a mais intensa e prolongada vaga de calor ocorrida desde 1987, levando até ao limite a sua capacidade de combate a incêndios e levando o Governo a emitir um apelo de ajuda externa.
Centenas de bombeiros, juntamente com aviões, helicópteros e veículos operacionais chegaram de 23 países europeus e do Médio Oriente para ajudar a combater as chamas.
“Conseguimos salvar vidas, mas perdemos florestas e propriedades”, disse o primeiro-ministro grego, descrevendo os incêndios florestais como “a maior catástrofe ecológica das últimas décadas”.
Falando numa conferência de imprensa em Atenas, a sua primeira desde o início dos incêndios, Mitsotakis declarou que as autoridades têm estado a combater cerca de 100 incêndios ativos por dia, mas que hoje a situação melhorou bastante, com a maioria dos maiores fogos florestais em fase de rescaldo.
Advertiu, no entanto, que o perigo da ocorrência de mais incêndios ainda está presente.
“Estamos em meados de agosto e é claro que teremos dias difíceis pela frente” até ao fim da temporada de incêndios, afirmou.
“A crise climática – gostaria de usar este termo, e não alterações climáticas –, a crise climática está aqui e mostra-nos que tudo precisa de mudar”, sustentou, acrescentando que está preparado para fazer as necessárias “mudanças radicais”.
“Esta é uma crise comum a todos nós”, frisou.
Vários países mediterrânicos têm sofrido ondas de calor intenso e fogos florestais de propagação rápida nas últimas semanas, incluindo a Turquia, onde pelo menos oito pessoas morreram, e Itália. Na Argélia, os incêndios florestais nas montanhas fizeram pelo menos 65 mortos.
O agravamento da seca e do calor – ambos ligados às alterações climáticas – têm também alimentado os incêndios florestais este verão no oeste dos Estados Unidos e na região da Sibéria, no norte da Rússia.
Os cientistas dizem que não restam dúvidas de que as alterações climáticas resultantes da combustão do carvão, do petróleo e do gás natural estão a desencadear eventos meteorológicos mais radicais.
O maior incêndio na Grécia deflagrou na segunda maior ilha do país, Eubeia, a 03 de agosto e ainda estava latente hoje, depois de ter destruído a maior parte do norte da ilha.
Mais de 50.900 hectares foram consumidos no norte de Eubeia, de acordo com o mapeamento do Serviço Copérnico de Gestão de Emergências, da União Europeia. Montanhas inteiras de pinhais ficaram reduzidas a baldios com troncos calcinados, enquanto as extensões de oliveiras, figueiras e vinhas também foram destruídas pelas chamas.
Mais de 850 bombeiros, incluindo centenas procedentes de países como Ucrânia, Roménia, Sérvia, Eslováquia, Polónia e Moldávia, prosseguem os esforços para impedir reacendimentos na zona, assistidos por quatro helicópteros e três aviões, entre os quais os gigantescos aviões-tanque Ilyushin 11-76 enviados pela Rússia.
O Governo deu prioridade à proteção de vidas na sua resposta aos incêndios, emitindo dúzias de ordens de evacuação de aldeias no caminho das chamas – uma estratégia que parece ter resultado.
Um bombeiro voluntário morreu enquanto combatia um grande incêndio na zona norte de Atenas, depois de ser atingido por um poste de eletricidade em queda.
Outros quatro bombeiros voluntários foram hospitalizados com queimaduras, dois dos quais se encontram em estado crítico nos cuidados intensivos.
As autoridades gregas estão ansiosas por evitar a repetição do que aconteceu no verão de 2018, quando um incêndio florestal de progressão rápida atingiu um aldeamento à beira-mar perto de Atenas, matando mais de 100 pessoas, incluindo algumas que se afogaram ao tentarem fugir pelo mar.