Intervencionados 3.300 hectares na Mata Nacional de Leiria



O secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas disse hoje que já foram intervencionados 3.300 hectares na Mata Nacional de Leiria, num investimento de 3,6 milhões de euros (ME), na sequência dos incêndios de outubro de 2017.

“Três mil e trezentos hectares foram intervencionados com investimento de 3,6 milhões de euros” de nove milhões de euros previstos, afirmou João Paulo Catarino, na Marinha Grande, distrito de Leiria, após uma reunião do Observatório do Pinhal do Rei, criado na sequência daqueles fogos.

Segundo o governante, a reunião serviu para “prestar contas”, esclarecendo que as ações na mata estão calendarizadas, mas “há um tempo que é da natureza” que se tem de respeitar.

Considerando que, “de uma forma geral, os elementos do Observatório reconheceram o trabalho que tem vindo a ser feito pelo ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas]”, João Paulo Catarino reconheceu que ainda não se conseguiu mudar “a imagem que todos os marinhenses tinham do Pinhal de Leiria e que hoje, obviamente, e nos próximos anos não é possível”.

Quanto aos 17 milhões de euros que o Estado arrecadou da venda do material lenhoso do Pinhal de Leiria, o governante declarou que “esse dinheiro está nos cofres do Estado”, mas “não vai chegar para os investimentos que é necessário fazer no Pinhal de Leiria”.

“Agora nós não temos é que o gastar todo [o dinheiro] quando ele não faz falta. (…) Temos de esperar pelo tempo da natureza. E o que estamos a fazer é, à medida que temos condições efetivas de intervir, de o fazer”, declarou, adiantando que foram plantados cerca de 1.700 hectares de árvores.

João Paulo Catarino explicou que “o estrato arbustivo, ou seja, os matos continuam nas entrelinhas, mas estão lá como uma opção técnica”.

“Não é porque o ICNF não queira retirar. Estão lá para proteger aquelas árvores que plantámos dos ventos marítimos. Quando chegar a altura, quando tecnicamente se justificar, esses matos serão removidos”, assegurou, notando que “nessa altura vai ser preciso mais esses milhões”

Garantindo que “a calendarização técnica está ajustada à canalização orçamental”, o governante sustentou que até se voltar a ter receita do Pinhal de Leiria “vão ser precisos dezenas e dezenas de milhões de euros”.

Confrontado se o projeto de regeneração natural do Pinhal de Leiria sofreu alterações dado o país estar a atravessar uma seca severa, João Paulo Catarino observou que era expectável que “uma grande parte das folhosas que foram introduzidas acabaram por secar”, mas a avaliação continua a ser feita “nas zonas mais húmidas e a ideia é tentar aumentar as áreas de folhosas”.

“Agora temos de ter consciência de que estamos numa zona arenosa e que não há dúvida de que o pinheiro-bravo e o pinheiro manso são aqueles que melhor se comportam nestas parcelas e é com essas espécies que nós vamos ter que contar, para continuar a arborizar a mata”, declarou.

Já o coordenador do Observatório do Pinhal do Rei, Aurélio Ferreira, referiu que neste trabalho há em cinco anos duas fases distintas.

“Nos quatro anos a seguir aos incêndios de 2017 não havia comunicação com o ICNF”, apontou, referindo que, desde há cerca de um ano, quando foi eleito presidente da Câmara da Marinha Grande, a “situação mudou”, mas, ainda assim, “podia partilhar mais e participar mais”.

“Há coisas que deviam ter feito e não foram feitas, sim. Podia ter-se feito diferente ou melhor, sim”, admitiu, defendendo, contudo, a necessidade de olhar para o futuro e pedindo o cumprimento do Plano de Gestão Florestal.

O Observatório do Pinhal do Rei, criado por despacho em abril de 2018, tem por missão interpretar, acompanhar e monitorizar o Plano de Recuperação da Mata Nacional de Leiria, também designada por Pinhal do Rei ou Pinhal de Leiria.

Esta mata é propriedade do Estado. Tem 11.021 hectares e ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande. Nos incêndios de outubro de 2017 ardeu 86% da sua área.





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