Investigadores criam protótipos de drones e tomografias para prever produção vinícola



Investigadores da Universidade do Porto vão usar a inteligência artificial e criar micro drones, tomografias para videiras e aplicações para ‘smartphones’ para prever a produtividade da vinha em relação ao clima no âmbito dum projeto financiado pelo PRR.

Os ensaios científicos do projeto Wine4cast vão acontecer nos próximos três anos nas Regiões Demarcadas do Douro e do Dão, Norte e Centro de Portugal, e a criação de modelos de previsão da produtividade da vinha com recurso à inteligência artificial, sensores e algoritmos vão ser financiados com um montante de cerca de um milhão de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Isto é muito importante para Portugal, esta previsão da produtividade, porque além da oscilação interanual que é característica da vinha, em Portugal estamos muito influenciados pelo clima mediterrâneo e essas oscilações são enormes”, avançou hoje à agência Lusa Mário Cunha, o coordenador do projeto, investigador e professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

Usar a inteligência artificial para obter modelos de previsão de produtividade da vinha mais precisos é uma das missões do projeto que depois colocará à disposição dos viticultores as descobertas científicas.

“Do ponto de vista de tecnologias, o projeto de investigação vai utilizar tomografias que nos vão permitir perceber como estão os órgãos da planta, e isso vai permitir fazer uma previsão muito precoce, cerca de 17 meses antes da vindima”, explica Mário Cunha.

As tomografias vão permitir analisar a “fertilidade dos grumos hibernantes”, porque a vinha tem um ciclo de dois anos.

“Vamos conseguir perceber dentro dos órgãos da planta [videira], qual vai ser o potencial da produção que vai ocorrer 17 meses depois. Isso é uma tecnologia nova que iremos desenvolver de raiz, com parceiros tecnológicos no projeto”, revelou o especialista.

Outro modelo de previsão são os micro drones com a dimensão de apenas 10 centímetros, para sobrevoarem e inspecionarem a videiras, descobrindo com essa tecnologia quantos cachos e bagos de uvas existem.

Os ‘smartphones’ vão ser outra tecnologia usada para o apoio da previsão da produtividade vínica.

Mário Cunha revela que vão desenvolver uma aplicação para ‘smartphones’, permitindo aos viticultores fazerem a inspeção digital e fazerem um mapeamento da vinha e a contagem de cachos e bagos.

A previsão da produtividade vai também permitir o “controlo de fraudes” no setor, nomeadamente em anos em que há baixa de produtividade, e em que se pode evitar fluxo de uvas ou vinho transnacionais ou até transcontinentais, bem como pode vai poder reforçar as medidas de policiamento e a questão de prémios de seguros.

“Cada vez mais as empresas querem fazer seguros e as seguradoras têm de ter uma informação para perceber quais são as previsões para definir um prémio de seguro”, explicou o especialista.

No caso específico do Vinho do Porto, o projeto Wine4cast vai ajudar a saber mais atempadamente quanta aguardente é preciso importar, pois com a previsão da produção, evitando comprar aguardente em excesso ou em quantidade insuficiente.

“Vai poder prever-se qual o número de colheitas, por exemplo, de 2025 até de 2050, assim como saber o número de colheitas acima da média e qual vai ser número de colheitas e os níveis de produtividade.

O Wine4cast é um consórcio com a FCUP, em parceria com Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores e Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e parceiros do setor do vinho a nível nacional.

O projeto inclui-se na iniciativa “Agricultura 4.0 e Territórios Sustentáveis”, da Agenda de Inovação para a Agricultura 2030 do PRR, um programa de aplicação nacional, com um período de execução até 2026, e que visa implementar um conjunto de reformas e investimentos europeus para ajudar Portugal a repor o crescimento económico após a pandemia.





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