Investigadores portugueses descobrem duas novas espécies de briozoários na Madeira



Cientistas do Centro de Ciência do Mar e do Ambiente (MARE) e do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) participaram recentemente numa investigação científica internacional nas águas ao largo do arquipélago da Madeira, com a missão de aprofundar o conhecimento sobre a ecologia marinha da região, especialmente sobre espécies não-nativas.

A equipa recolheu amostras de invertebrados conhecidos como briozoários, organismos sésseis, que passam as suas vidas agarrados a rochas ou até em cascos de navios e substratos artificiais de marinas, e formam colónias, tal como, por exemplo, os corais. Atualmente, estima-se que existam perto de 3.500 espécies de briozoários no mundo, fazendo desse grupo de invertebrados marinhos um dos mais comuns.

No entanto, esta nova investigação, entre os 10 briozoários exóticos (que não fazem parte da fauna autóctone) identificados em amostras recolhidas de substratos artificiais na costa sul da Madeira, descreveu duas novas espécies até agora desconhecidas da Ciência: a Crisia noronhai e a Amathia maderensis.

O briozoário Crisia noronhai foi uma das duas novas espécies descobertas na Madeira.
Foto: MARE

O MARE explica, em comunicado, que, por serem rota de passagem para muitos navios, “as ilhas e os arquipélagos são considerados zonas férteis e propícias à introdução de espécies não indígenas (espécie de flora ou fauna que não é nativa da região onde ocorrem)”.

E argumentam que “o Arquipélago da Madeira não é exceção e a transferência de espécies entre cascos de embarcações e substratos artificiais na marina é reconhecidamente alta”.

A Amathia madeirensis foi a outra nova espécie de briozoário descrita pela primeira vez pelo investigadores do MARE.
Foto: MARE

Desde 2013 que a delegação do MARE na região insular madeirense tem desenvolvido trabalho de monitorização das populações de espécies aquáticas não-nativas, com vista à aquisição de conhecimento “sobre a temática das invasões marinhas no arquipélago”, recorda o centro de investigação.

Além da informação recolhida sobre os briozoários exóticos e a descoberta das duas novas espécies, o trabalho salienta a importância, defendem os cientistas, da implementação de “programas de monitorização nos portos para a deteção precoce de espécies não indígenas” e apela a que novas investigações sejam feitas para identificar e conhecer a distribuição desses organismos.

Para os investigadores, este estudo representa, por isso, “um importante contributo para a expansão do conhecimento sobre a prevalência de briozoários em áreas de grande biodiversidade”.

João Canning Clode, principal investigador disse à Green Savers que “não se descobrem espécies novas para a ciência todos os dias!”, que esta descoberta “revela a importância das monitorizações contínuas, porque quanto mais amostramos maior a probabilidade de encontrar espécies novas” e que “há com certeza muito mais para descobrir”.





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