Leiria 2030: uma cidade mais verde e sustentável com um “grande pulmão” verde
O documento de reflexão estratégica Leiria 2030, que contempla 53 propostas e mais de 100 iniciativas assentes em 11 eixos estruturais, defende uma cidade mais verde e sustentável, sugerindo a criação de um “grande pulmão” na Mata dos Marrazes.
O documento, liderado pelo ex-governador civil de Leiria, Carlos André, após a audição de cerca de 100 pessoas ao longo de quase um ano, “não é um plano estratégico”, mas de “orientação estratégica” pensado para a década 2020-2030.
Tendo como ponto de partida a centralidade geográfica do concelho e o facto de ser uma micro área metropolitana, o ambiente é uma das principais apostas.
“Deve ser uma preocupação de Leiria. Há que dar mais verde à cidade, podendo vir a ligar-se os dois ‘campi’ do Politécnico de Leiria, e dar vida própria à Mata dos Marrazes, criando condições para que se torne no verdadeiro pulmão da cidade. São mais de 90 hectares”, adiantou Carlos André.
Criar “uma cidade mais verde” e “devolver o rio Lis à cidade” são outras das propostas, que visam criar um percurso da nascente à foz do rio, assim como a construção de uma piscina ao ar livre na União de Freguesias de Marrazes e Barosa, e a criação de “melhores passeios, com mais verde e mais ciclovias”.
“Na confluência entre o rio Lis com o rio Lena pode-se criar um parque, que poderá ser idêntico aos jardins da Gulbenkian. Poder-se-á construir um edifício sustentável e quem sabe nascer o Guggenheim de Leiria, para funcionar como atração pelo valor ambiental. Pode ser um museu da sustentabilidade. Pode ser demasiado ambicioso, mas a câmara pediu-me ambição”, sublinhou o mentor do documento.
Carlos André também abordou a necessidade de “resolver o problema das suiniculturas que são a mancha mais grave de Leiria”. “O direito empresarial não se pode sobrepor à qualidade de vida das populações. Tem de se reclamar junto do Governo a construção da ETES [estação de tratamento de efluentes suinícolas]. E faz falta um sistema de fiscalização e policiamento para quem prevaricar ser punido.”
Uma das ideias deixadas foi também a criação de um “parque agrícola para a suinicultura à semelhança dos parques industriais”.
Desenvolver Leiria como uma cidade de bairros e garantir que o concelho se assume como “âncora de todo o território e, ao mesmo tempo, desempenhar a difícil missão de líder agregador”.
Na área do urbanismo é “preciso acabar com a dicotomia entre o urbano e o rural”. “Não pode ser a cidade e as freguesias.”
O documento sugere ainda um centro comercial a céu aberto entre a Praça Rodrigues Lobo e a Avenida Heróis de Angola, e recuperar os “muitos prédios devolutos” no centro histórico. “A câmara poderá adquirir alguns para criar bolsas de alojamento”.
A deslocalização das forças de segurança para que “tenham melhores condições” e a criação de corredores para o transporte público, elétrico, são também apontadas no documento.
Defender a abertura do aeroporto de Monte Real à aviação civil, com uma rápida negociação com o Ministério da Defesa, e a pressão para tornar o Politécnico de Leiria em Universidade de Leiria fazem parte das estratégicas para esta década.
“Não é só uma questão de nome, mas tudo o que traz. Conheço muitas universidades com menos centros de investigação de excelência do que tem Leiria”, justificou Carlos André.
A criação do museu de arte sacra de Leiria e um festival internacional de dança foram outras sugestões deixadas, assim como garantir uma articulação da programação do concelho, “sem colisão e datas”.
O eixo económico contempla um conjunto largo de propostas, tendo por base a “dinâmica empresarial do concelho, uma marca identitária forte de Leiria”.
O autor defende uma “nova geração de parques empresariais com base numa economia circular e, assim, criar um parque industrial comum a Leiria e Marinha Grande”.