Lince-ibérico já não está “criticamente em perigo”
Depois de quase década e meia a ser considerado o felino mais ameaçado do mundo, o lince-ibérico deixou de ser considerado internacionalmente como uma espécie “criticamente em perigo” para voltar a ser uma espécie “em perigo”.
Embora a população de linces-ibéricos seja reduzida e o animal corra o risco de se extinguir, os esforços de conservação e os programas de reprodução em cativeiro e de reintrodução na natureza contribuíram para melhorar a sua situação, o que foi suficiente para a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) deixar de o considerar “criticamente em perigo” na actualização mais recente da sua Lista Vermelha, que foi divulgada esta terça-feira.
O lince-ibérico estava classificado como “criticamente em perigo” pela IUCN desde 2002. Nessa altura, a população selvagem destes animais estava no limiar da extinção. Em Portugal, não se via um lince na natureza desde o início da década de 1990 e em Espanha eram poucos os que restavam. Como tal, os dois países ibéricos uniram-se para vários projectos de conservação.
Entre 2002 e 2012, o número de linces triplicou de 52 para 156 em duas subpopulações distintas na Andaluzia – na Serra Morena e em Doñana, escreve a agência SINC. Desde 2012 que o programa de reintrodução dos linces na natureza se intensificou, com cinco centros de reprodução em cativeiro activos na Península Ibérica – quatro em Espanha e um em Portugal, em Silves. O primeiro casal destes animais foi libertado em Portugal em Dezembro último. Actualmente, existem pelo menos 11 linces a viver em liberdade em território luso.
Leão entre as espécies ameaçadas
Na nova actualização da Lista Vermelha da IUCN, a otária de Guadalupe é outro caso de sucesso. Entre o final do século XIX e a década de 1920 a espécie foi dizimada pela caça e o mamífero que vive na costa do México e da Califórnia chegou a ser considerado extinto. Em 1950 não havia mais de 200 a 500 animais. Esforços e programas de conservação conseguiram aumentar a população destes animais para 20.000 em 2010. A otária de Guadalupe passou de “quase ameaçada” para espécie de “menor preocupação” na última revisão da lista.
Mas nem só de boas notícias se faz a actualização da Lista Vermelha da IUCN. Muitas espécies vão no sentido contrário de conservação. O gato dourado africano é um deles e passou de “quase ameaçado” a “vulnerável”. O leão-marinho de Hooker saltou de “vulnerável” a “em perigo”. E até o próprio leão, embora se tenha mantido com o estatuto de “vulnerável” a nível global, passou a ser considerado “criticamente em perigo” na África Ocidental, devido ao recrudescimento da caça ilegal.
A nova actualização da Lista Vermelha analisou 77.340 espécies de plantas e animais, dos quais 22.784 estão ameaçadas de extinção. A caça e a destruição do habitat destes animais são as principais ameaças para 85% destas espécies.
Foto: juanmann / Creative Commons