Lisboa: Vila Martel pode ser demolida para dar lugar a estacionamento e hotel
A Câmara Municipal de Lisboa está a analisar, desde Novembro, a viabilidade da construção de um edifício de 14 andares – oito enterrados, abaixo da cota da Rua das Taipas, e seis que subirão a cerca de 17 metros acima do solo – na Vila Martel, onde em tempos trabalharam alguns dos maiores vultos da pintura portuguesa e que, como escreveu ontem o Público, é “um deslumbramento, uma revelação e segredo escondido na encosta da Glória, com a Avenida da Liberdade aos pés e a colina de Santana e jardim do Torel em frente”.
Hoje, já não existem artista na Vila Martel. Mas o local continua a ser habitado e, ainda que esteja por reabilitar, representa uma Lisboa típica e cada vez menos comum na capital portuguesa. Graças à sua importância histórica e patrimonial, a Vila Martel foi inscrita na Carta Municipal do Património e está classificada como Bem de Valor Patrimonial Relevante, no Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente (PUALZE).
De acordo com o Público, o edifício poderá ser transformado em hotel e terá um estacionamento robotizado. Nos termos da memória descritiva que acompanha o pedido de informação prévia entregue à Câmara de Lisboa pela empresa hoteleira Ekmar, o conjunto da Vila Martel será demolido, com excepção dos dois ateliers situados num dos extremos.
O edifício a construir no local terá 12 pisos para estacionamento, oito dos quais subterrâneos, com um total de 186 lugares. O 13.º e o 14.º pisos estão destinados à ampliação, com mais 24 quartos, do hotel da cadeia Memmo, também da Ekmar, que está em construção mais acima, a poucas dezenas de metros, no interior do mesmo quintalão encravado que ocupa as traseiras dos prédios das ruas limítrofes.
O estacionamento será servido por um sistema robotizado de elevação dos veículos até aos diferentes pisos. O acesso automóvel ao local far-se-á através de uma passagem a abrir no espaço do rés-do-chão do prédio n.º 55 da Rua das Taipas, onde se encontra agora o portão que leva à Vila Martel. Aí serão também instaladas a portaria, as caixas de pagamento do estacionamento e a entrada para os peões.
Para justificar a proposta de demolição da quase totalidade da Vila Martel, o promotor apresentou à câmara um parecer do arquitecto José Maria Lobo de Carvallho, no qual este consultor de património sustenta que “o conjunto apresenta sinais de degradação e abandono, falta de condições de salubridade e anomalias construtivas”.
A resposta positiva ou negativa ao pedido de informação prévia submetido à autarquia deverá ser dada brevemente pelo vereador do Urbanismo, Manuel Salgado. Leia o artigo do Público.
Foto: Mário Marzagão Alfacinha
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