Mel da Lousã: da flor do urze até às nossas casas (com VÍDEO)
A 700 metros de altitude, as caixas verdes passam despercebidas na paisagem já de si verdejante da serra da Lousã. É aqui, bem lá no alto, que a produção de mel tem algumas das condições mais favoráveis de todo o território português.
É aqui também que encontramos Domingos Alves, apicultor há mais de 30 anos, que explicou ao Economia Verde parte do seu trabalho diário e uma das grandes virtudes de um apicultor: esperar. “Temos milhares de seres, que trabalham todos para um objectivo e sem conflitos. Já reparou nisso?”, gracejou Domingos Alves.
O mel ficará pronto para ser extraído em meados do Verão. Até lá, as 100 mil abelhas que podem viver numa colmeia continuarão a usar apenas o néctar da flor do urze da Serra da Lousã. É também por este motivo que o mel é mais escuro e, acreditam estes apicultores, mais saboroso.
Domingos faz parte da cooperativa de Vila Nova de Ceira, que em 2013 produziu 20 toneladas de mel.“Fazemos toda a extracção do mel”, explicou ao Economia Verde Helena Rodrigues, da cooperativa de Vila Nova de Ceira.
“Tudo o que os nossos parceiros produzem fica na nossa melaria, nós ficamos o mel – caso eles não o queiram – e garantimos o escoamento. E todos os apicultores que queiram transformar o seu mel podem fazê-lo na nossa unidade de extracção”, explicou a responsável.
No ano passado, 15 apicultores da região aderiram à iniciativa da cooperativa de Vila Nova de Ceira. Das 20 toneladas produzidas pela melaria, a maior parte teve origem nos produtores locais.
“O nosso lucro é ajudar os apicultores, é essa a nossa vantagem. E qualquer apicultor que trabalhe connosco tem a sua marca e imagem. Isso já é uma mais-valia”, continuou Helena.
Em 2012, a cooperativa também transformou em museu um lagar centenário, pelo que a sua missão é mais abrangente que as cooperativas tradicionais.
Veja o episódio 262 do Economia Verde.
Foto: BotheredByBees / Creative Commons