Milhões de refugiados vão enfrentar o inverno mais difícil dos últimos anos



Milhões de pessoas da Ucrânia, Afeganistão e Médio Oriente vão enfrentar, este ano, o inverno mais difícil dos últimos anos e muitos terão de escolher entre comida e calor, avisou hoje a agência da ONU para os refugiados.

Muitas famílias deslocadas por conflitos ou perseguições “não terão outra opção a não ser escolher entre aquecer os seus abrigos, obter roupas quentes ou cozinhar refeições”, afirmou a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Olga Sarrado, em conferência de imprensa hoje realizada em Genebra.

O alerta é dado depois de, na quinta-feira, o alto-comissário, Filippo Grandi, ter apresentado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um relatório sobre a situação.

“Milhões de deslocados da Ucrânia, do Afeganistão e de todo o Médio Oriente vão enfrentar um inverno perigoso, à medida que as temperaturas geladas aumentam a miséria já induzida pelo aumento dos preços, pelo impacto persistente da pandemia da Covid-19 e pelos fenómenos ligados à crise climática”, adiantou Olga Sarrado.

Na Ucrânia, descreveu a porta-voz, muitas pessoas “vivem em casas danificadas ou em edifícios inadequados para as proteger do frio cortante, com o abastecimento de energia, aquecimento e água interrompidos e os meios de subsistência perdidos”.

No Médio Oriente, “este será o 12.º inverno consecutivo em deslocamento para muitas pessoas”, lembrou a responsável, referindo que o ACNUR estima que 3,4 milhões de refugiados sírios e iraquianos e pessoas deslocadas internamente na Síria, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito precisarão de assistência crítica para lidar com o inverno”.

Um outro exemplo apontado pela porta-voz do ACNUR foi o Afeganistão.

Nesse país, “onde as temperaturas no inverno podem cair facilmente para -25 graus Celsius em várias regiões, muitas famílias deslocadas e afetadas por conflitos ficarão expostas aos elementos”, disse, acrescentando que o inverno deste ano chega numa altura em que o Afeganistão vive “um declínio económico acentuado e apenas alguns meses depois do terramoto de junho nas províncias do sudeste de Paktika e Khost, onde milhares de pessoas sofreram perdas e danos devastadores”.

Apesar do agravamento das necessidades humanitárias, as perspetivas de financiamento para programas de ajuda e assistência que salvam vidas “permanecem sombrias”, admitiu.

“O ACNUR foi recentemente forçado a reduzir programas essenciais em vários países devido a falta de financiamento”, disse Olga Sarrado, adiantando que, por isso, a agência da ONU decidiu lançar uma nova campanha global para arrecadação de fundos.

“O financiamento ajudará a fornecer aos desabrigados roupas quentes de inverno, cobertores térmicos, a fazer reparações nas casas, a ter painéis e lâmpadas solares, botijas de gás e assistência em dinheiro para cobrir outras necessidades essenciais relacionadas com o inverno, incluindo aquecimento”, concluiu.





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