Ministro do Mar otimista sobre desenvolvimento sustentável dos oceanos
O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, manifestou-se ontem otimista sobre o desenvolvimento sustentável dos oceanos nos próximos anos, mas alertou que o assunto exige o compromisso de todos os países.
“Nos últimos cinco anos, uma série de documentos internacionais e documentos estratégicos europeus mudaram, de facto, a perceção que nós devemos ter do que vai ser a importância dos oceanos para a próxima década. Devemos estar otimistas de que haverá empenho racional, emocional e financeiro para que tenhamos ações concretas no oceano”, frisou.
Ricardo Serrão Santos falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, no 27.º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional (APDR), naquela que disse ser a segunda visita aos Açores, onde tem residência, desde o início da pandemia da covid-19.
Apesar de confiante na mudança de mentalidades sobre a importância dos oceanos, Ricardo Serrão Santos admitiu que o problema das alterações climáticas é “preocupante”.
“Em Portugal, há um compromisso grande para a neutralidade carbónica. A União Europeia tem o pacto ecológico e todos os instrumentos financeiros que vão ser implementados obrigam a investimentos de pelo menos 30% em coisas que tenham significativamente impactos nas alterações climáticas e na neutralidade carbónica, mas isto não se resolve só com a União Europeia e com países que estão de facto mais empenhados nesta agenda. Exige um esforço muito grande de todos”, sublinhou.
Segundo o ministro do Mar, a recuperação dos ecossistemas marinhos, que estão a ser abalados pelas alterações climáticas, exige “empenho” e a adoção de políticas de proximidade, enquadradas em “preocupações globais”.
“Os problemas que hoje vivemos têm de ser partilhados com soluções partilhadas. Devem inspirar as soluções que nós encontramos. Elas têm de ser encontradas regionalmente, localmente e serem cumpridas”, frisou.
Ricardo Serrão Santos salientou que Portugal tem vindo a defender a importância do mar, desde o final do século XX, mas estava até agora praticamente isolado e não tinha capacidade financeira para colocar em prática essa visão.
“Acho que vamos ter uma década onde os oceanos vão ganhar maior relevo e maior capacitação também financeira e uma oportunidade para nos lançarmos e pormos em equilíbrio e em coordenação as políticas do ambiente com a questão da economia azul”, apontou.
O crescimento da economia ligada ao mar não é incompatível com a proteção dos oceanos, segundo o ministro do Mar, que fala numa “nova industrialização”, com uma aposta nas indústrias mais amigas do ambiente, ligadas, por exemplo, às biotecnologias.
Para Serrão Santos, é preciso, no entanto, que os governantes “se apoiem no conhecimento científico e nas soluções tecnológicas que estão à vista”.
“Precisamos de continuar a retirar recursos do mar, recursos vivos, nomeadamente, e os oceanos serão chamados mais e mais para contribuírem para as soluções da alimentação do planeta, através da aquacultura, mas também através das pescas. Isto não são tudo aspetos negativos. Com uma boa governação, tem-se provado que temos conseguido recuperar mananciais de pescado que estiveram em crise profunda”, salientou.
Questionado no congresso sobre o processo de extensão da plataforma continental portuguesa, o ministro do Mar admitiu que a decisão possa ainda demorar a ser conhecida.
“Não me quero antecipar. É um processo que está em negociação nas Nações Unidas, na comissão de limites da plataforma continental, e poderá ainda levar algum tempo”, afirmou, em declarações aos jornalistas, admitindo que possam estar em causa “eventualmente alguns anos”.