MOBI.E, o novo instrumento da mobilidade sustentável em Portugal
Decorreu hoje o primeiro evento organizado pela MOBI.E, uma entidade gestora da rede de mobilidade elétrica, que é em simultâneo um instrumento público do Estado, que promove o desenvolvimento de uma mobilidade sustentável. A sessão abriu com o relato de Luís Barroso, Presidente da MOBI.E, e de João Faria, Chefe do Setor Político da Representação da Comissão Europeia em Portugal.
Como explica Luís Barroso, a MOBI.E nasceu em 2015 e rege-se sob o mote “Damos vida ao futuro”. O seu modelo distingue-se em 5 características:
- Integração – Regulamentado e totalmente integrado com o setor elétrico;
- Delimitação – O grau de intervenção do setor público e privado está perfeitamente definido e regulado;
- Otimização – Permite otimizar a utilização de infraestrutura de carregamento com a capacidade de potência disponível na rede elétrica;
- Experiência – Foco na melhor experiência do utilizador: acesso livre a toda a rede MOBI.E, uso doméstico e público, promotor da concorrência;
- Tecnologia – Assente numa plataforma tecnológica que permite constituir a rede MOBI.E.
A entidade tem como propósito sensibilizar e informar sobre a mobilidade elétrica, tornando-a uma solução universal ao alcance de todos. Pretende assim contribuir para a redução das emissões poluentes, o atingir da neutralidade de carbono e para a construção duma economia circular.
João Faria aborda o assunto dos objetivos europeus e da descarbonização dos transportes. Aponta para as exigências legais no setor de transportes rodoviários, em que as metas definidas para 2025 se baseiam numa redução das emissões de 15%, nas duas categorias de carros e carrinhas, e em 2030, em 37,5% para os automóveis e 31% para carrinhas.
Quanto às áreas da aviação e marítima, fala em propostas para 2021 que se dividem em quatro pontos: Na revisão da diretiva para a infraestrutura dos combustíveis alternativos, na revisão do regulamento das redes transeuropeias, na redefinição de padrões mais exigentes quanto ao CO2 e elementos poluentes, e na revisão da diretiva no que respeita às energias renováveis.
O evento digital teve ainda um painel de debate, com tema “O futuro da mobilidade elétrica em Portugal”; Estiveram presentes várias personalidades, como moderador Sérgio Magno, Diretor da Exame Informática, e em conversa, Alexandre Videira, Administrador da Mobi.E, Miguel Gaspar, Vereador da Mobilidade Elétrica da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Henrique Sánchez, Presidente da UVE (Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos), e Carlos Ferraz, Responsável da área de negócio da Mobilidade Elétrica na Prio.
Os oradores reforçaram o facto da Mobi.E ser um instrumento essencial na implementação e promoção da mobilidade elétrica, mas que esta mobilidade ainda está dependente do investimento dos privados, que tem sido muito cauteloso até ao momento. Pela mesma razão, existe um misto de investimento publico e privado no setor, mas espera-se no futuro uma transição completa para os privados.
É também destacado que a rede de carregamentos de veículos elétricos está a aumentar em Portugal, mas que é necessária uma maior expansão que permita a circulação dos utilizadores em todo o país. Miguel Gaspar defende neste contexto que o setor público teve a obrigação de avançar e investir, porque o setor privado falhou e não agiu na rapidez necessária.
O Vereador afirma ainda que a CML é uma firme defensora do modelo da mobilidade elétrica, e espera que Lisboa tenha em 2030, tal como se prevê em outras cidades, metade dos carros a circular elétricos. A Câmara prevê que estejam concluídas 3 estações de carregamento rápido em 2021.
Por sua vez, Henrique Sánchez explica que em primeiro lugar devem ser criadas redes de carregamento eficientes e fiáveis, e que posteriormente, isso tratá mais utilizadores de veículos elétricos. Destaca ainda que, os veículos híbridos plug-in foram a porta de entrada para muitas pessoas na mobilidade sustentável, mas que devem-lhes ser retirados gradualmente os incentivos e depositados nos veículos 100% elétricos.
O Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, esteve também presente, e fechou a sessão garantindo que “não se ganha o futuro com os instrumentos do passado”.
“No final de 2015 a venda dos veículos elétricos era entre 1 e 2% da venda dos carros novos em Portugal”, e este ano, em 2020, “estes representaram 11,5% das novas vendas”, explica.
“Os números da venda de veículos eléctricos neste ano são muito representativos daquilo que pode ser não só o crescimento normal e a introdução normal latina da mobilidade elétrica, sendo hoje já raro fabricantes de automóveis que não produzem veículos elétricos. Mas mais do que isso, quando se fala muito do que a pandemia nos pode trazer (…) será certamente um tempo para nos fazer pensar, nos fazer perceber(…) que este é finalmente o momento para a afirmação da sustentabilidade.”