Movimento critica ministro do Ambiente por visitar Odemira e deixar de fora “cidadania”



O movimento Juntos Pelo Sudoeste lamentou hoje não ter sido ouvido pelo ministro do Ambiente na visita que Duarte Cordeiro efetuou, na quarta-feira, ao concelho de Odemira (Beja), considerando que “a cidadania” ficou “fora da agenda” política.

O “movimento lamenta que a cidadania tenha sido deixada de fora da agenda desta visita e que não tenha sido ouvida pelo governante, apesar dos pedidos efetuados tanto ao gabinete do ministro, como ao município de Odemira”, refere o Juntos Pelo Sudoeste (JPS), num comunicado enviado à agência Lusa.

De acordo com o movimento, na deslocação que efetuou ao território, na quarta-feira, Duarte Cordeiro “esteve reunido com várias entidades”, entre as quais “representantes do poderoso agronegócio do Sudoeste de Portugal”.

O grupo de cidadãos aludiu a uma reunião dedicada à gestão da água em Odemira e que se realizou na quarta-feira de manhã, no âmbito da deslocação do ministro do Ambiente e da Ação Climática ao concelho alentejano.

Na sua página na rede oficial do Facebook, na quarta-feira à tarde, e em comunicado enviado hoje aos jornalistas, a Câmara de Odemira divulgou a visita do ministro, que esteve acompanhado pelos secretários de Estado do Ambiente e da Conservação da Natureza e Florestas, Hugo Polido Pires e João Paulo Catarino, respetivamente.

A visita incluiu vários momentos, nomeadamente a reunião com entidades públicas e privadas, em que foi apresentado um estudo sobre “Critérios de salvaguarda da disponibilidade de água para abastecimento humano a partir da albufeira de Santa Clara” e abordadas questões como a diversificação de fontes de água para regadio, através da dessalinização ou de transvase, explicou a autarquia.

Agência Portuguesa do Ambiente, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Águas Públicas do Alentejo, Associação de Beneficiários do Mira, Associação dos Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur e Lusomorango foram algumas das entidades presentes.

Para o JPS, “as opiniões e preocupações dos cidadãos, movimentos, organizações e associações” também devem ser “ouvidas e tidas em consideração neste momento de inflexão que a região atravessa”.

Situações como a de quarta-feira, “em que um ministro que tutela a área do Ambiente dialoga com o setor privado da agricultura e deixa de fora um movimento de cidadãos focado e comprometido com a defesa do património ambiental do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, não deveriam ter lugar numa sociedade democrática”, criticou.

No comunicado, o movimento lembrou que a região é “há muito assolada por vários problemas”, como a “falta de equilíbrio entre o modelo de exploração agrícola e os valores ambientais, marcado por uma forte falta de fiscalização por parte das entidades competentes”.

Também a “falta de uma gestão coerente dos recursos hídricos num cenário de escassez cada vez mais acentuada” e “marcada por uma forte falta de fiscalização” e “necessidade crescente de água por parte do setor agrícola”, assim como a “crescente rutura do tecido social” devido à procura de “mão-de-obra barata na agroindústria” e pela “proliferação sem controlo de empresas de trabalho temporário e comércios”, têm sido denunciados pelo JPS.

Contactada pela agência Lusa a propósito das críticas do JPS, fonte do Ministério do Ambiente e da Ação Climática limitou-se hoje a referir que foi realizada uma reunião “a pedido da câmara municipal”.

“Realizámos uma reunião com a câmara municipal, não promovemos nada. A câmara pediu-nos para reunir e nós reunimos. Não percebo essas críticas”, disse.

Segundo a nota de agenda para quarta-feira divulgada aos jornalistas pelo Ministério, na terça-feira o ministro Duarte Cordeiro teve dois eventos públicos, ambos de tarde e no distrito de Faro, um em Lagos e outro na Ilha da Culatra.





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