Movimento nacional quer acabar com as beatas de cigarro nas ruas (com FOTOS)



As beatas também são lixo. A cada minuto, cerca de 6.945 beatas vão parar ao chão em Portugal. Mas há um movimento de cidadãos disposto a pôr término ao problema, o Movimento Portugal sem Beatas.

Depois de deixar de fumar, há alguns anos, durante os seus passeios a pé por Lisboa, Miguel Faria começou a reparar que havia imensas beatas no chão e que isso era um problema. Decidiu colocar um “post” no Facebook e recebeu várias manifestações de interesse na criação de um grupo de trabalho para tentar mudar a situação. E assim nasceu, em Março de 2012, o Movimento Portugal sem Beatas.

Pouco depois, e após um pouco de trabalho de investigação, realizaram-se as primeiras recolhas em Lisboa em Santarém. Na primeira recolheram 3.000 beatas num espaço de 200 metros e na de Santarém, que decorreu na Feira de Agronomia, recolheram 40.000 através de recipientes que foram espalhados por todo o recinto do evento.

Actualmente colaboram com o movimento trabalhadores, estudantes, fumadores e não fumadores, todos de forma voluntária. “São pessoas que se inspiraram e uniram por uma causa e que atraíram inúmeras entidades que já contribuíram para o alargamento da consciência humana em relação a esta problemática tão evidente”, indica Telmo Ferreira do movimento ao Green Savers.

Entre as parcerias que o movimento e os seus voluntários conseguiram criar encontram-se acordos com câmaras municipais, associações, universidades e empresas privadas, “todas colaborando em várias áreas transversais à problemática das beatas de cigarro”, explica Telmo.

Das várias actividades de recolha organizadas pelo Movimento Portugal Sem Beatas destacam-se acções no GreenFest e no OutJazz, em Lisboa, intervenções de sensibilização em várias escolas e recolhas de beatas regulares no concelho de Santarém. “O tema da sensibilização para a problemática das beatas de cigarro e o impacto destas no ecossistema é um tema que tem sido muito bem recebido por todos os que já foram abordados, demonstrando que existe a necessidade e a vontade de querer encontrar a melhor solução possível para este tema”, aponta Telmo Ferreira.

E para onde encaminhar todas estas beatas?

Anualmente, segundo as contas do movimento, são consumidos 4,5 triliões de cigarros em todo o mundo. São vendidos mil milhões de cigarros por mês em Portugal. Assumindo que 30% das beatas destes cigarros vão parar ao chão significa que, por minuto, 6.945 beatas são atiradas para as ruas portuguesas.

“As beatas de cigarro não são biodegradáveis ao contrário do senso comum, a sua decomposição não tem tempo limite e nunca se degradam na totalidade. As micropartículas, assim como os metais pesados, entram num ciclo que afecta todo o ecossistema: terra, mar, ar, animais, seres humanos, comida, agua”, explica Telmo. Como tal, é necessário reciclar este resíduo para o bem do planeta. Actualmente, as beatas podem ser convertidas em plástico, pasta de papel, malha energética ou podem ser incineradas.

Actualmente, o Movimento Portugal Sem Beatas tem parcerias com universidades para o desenvolvimento de patentes portuguesas para a soluções de transformação de beatas. Adicionalmente, os fumadores que quiserem ver as suas beatas recicladas podem guardá-las e entrega-la ao movimento. O Movimento Portugal Sem Beatas disponibiliza-se a fazer recolhas, em qualquer ponto do país, com um mínimo de 25 litros de beatas – o que equivale a 5 garrafões de água de cinco litros -, que posteriormente são encaminhadas para investigação para que se possa desenvolver as patentes necessárias para posterior reciclagem.

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Fotos: Movimento Portugal Sem Beatas





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