Movimento saúda reversão de abate de árvores em Coimbra mas “sabe a pouco”
O movimento ambientalista ClimAção Centro saudou ontem a reversão do abate de 83 árvores previsto na empreitada do ‘metrobus’ em Coimbra, mas considerou que a medida “sabe a pouco”.
A reversão do abate de 83 árvores no centro de Coimbra, proposta aprovada na segunda-feira em reunião da Câmara Municipal, “sabe a pouco”, afirmou hoje o membro do ClimAção Centro, Miguel Dias, numa conferência de imprensa conjunta do movimento ambientalista com a Interdito, grupo de expressão dramática da Faculdade de Psicologia, que já organizou no passado uma manifestação contra o abate de árvores na cidade.
“No fundo, a reversão do abate destas 83 árvores mostra que havia abates desnecessários, feitos fora do canal. Fez-se o lógico e o óbvio, mas, se tivesse havido esta postura mais cedo, mais árvores teriam sido poupadas ao abate”, disse Miguel Dias.
O ativista recordou que, no decorrer da empreitada do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), aconteceu recentemente um “massacre” de árvores na zona do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
“Ficamos satisfeitos com qualquer salva, mas sabe a pouco”, disse.
Num comunicado distribuído na conferência de imprensa, os dois grupos criticam o avanço, mesmo assim, do corte de 11 árvores na Rua Lourenço Almeida de Azevedo, uma via “icónica” da cidade, junto à Praça da República, e conhecida pelas cores das flores das suas árvores – amarelo e roxo (as cores da cidade).
“A rua ficará sem 15% do total das suas árvores”, concluem, questionando a ideia de que haverá espécimes abatidos por motivos de doença, quando as árvores sobreviveram “à tempestade Leslie” e à intervenção urbanística ali realizada em 2020.
Para os grupos, o plano de reversão do município “não teve a ousadia de ir além do óbvio e elementar”.
Miguel Dias considerou que se devia “pelo menos propor uma alteração dos locais de embarque” do SMM para procurar poupar mais algumas árvores, considerando que alguns abates serão também provocados pelas obras relacionadas com infraestruturas de saneamento e água.
Os grupos consideram ainda que o número de abates revertidos agora revelado pela Câmara estará “inflacionado”, desafiando o executivo a divulgar os planos originais de abates.
“É preciso salvaguardar o património lindíssimo que temos em Coimbra, neste caso as árvores”, defendeu Margarida Pedroso Lima, da Interdito, defendendo que o trajeto do SMM fosse alterado para salvar o máximo de árvores possível.
A 21 de março, Dia Internacional da Árvore, pelas 18:00, os dois grupos vão dinamizar um “abraço às árvores” da Rua Lourenço Almeida de Azevedo e sensibilizar a população para o “atentado à estrutura ecológica urbana da cidade”.