Movimentos ambientalistas convocam buzinão para denunciar “atentado ambiental” no rio Ferreira
Os movimentos ambientalistas ‘Mataram o Rio Ferreira’ e ‘#MovRioDouro’ organizam este sábado um buzinão, a partir das 15h00, desde a Levada do Souto, em Lordelo, até à ETAR de Arreigada. Exigem ao Governo “respostas urgentes” face ao que dizem ser um “atentado ambiental” contra o rio Ferreira.
Os organizadores, em comunicado, informam que o investimento público de cinco milhões de euros feito em 2019 para requalificar a ETAR de Arreigada, com o objetivo de tratar os efluentes despejados nesse rio, em vez de resolver o problema, piorou a situação, “com a quantidade de esgoto tratado a diminuir de 3.333 m3/dia para 1.500 m3/dia”.
Os movimentos criticam “a ausência de ações do Governo” e os “milhões de euros gastos em ETAR deficiente”. Por isso, “vêm agora exigir uma resposta e resolução urgentes para um problema com duas décadas e pedem resposta do governo acerca do destino dos milhões de euros já investidos e sobre como planeiam resolver agora o problema, com o triplo do investimento”.
Nadine Gonçalves, porta-voz do ‘Mataram o Rio Ferreira’, aponta que “chegou o momento de dizer ‘basta’. Não podemos tolerar mais a indiferença perante um dos maiores atentados ambientais do distrito do Porto”.
A responsável diz que a ‘gota de água’ que precipitou este protesto foi os anúncios de investimentos adicionais de entre 600 e 700 mil euros para instalar uma ETAR provisória, bem como de mais 15 milhões de euros, através do Programa Portugal 2030, para ampliar as instalações existentes.
“Quanto tempo durará a discussão, projeto, execução e novo comissionamento da ETAR?”, questiona Nadine Gonçalves, alertando que enquanto as conversações se arrastam, “o rio continua a levar, diariamente, com milhares de metros cúbicos de esgoto não tratado e todas as entidades responsáveis assobiam para o lado”.
Por sua vez, Gustavo Briz, do movimento #MovRioDouro, que se associa a este protesto, declara que “estamos completamente solidários com as pessoas de Paços de Ferreira, Paredes e dos concelhos a jusante da ETAR, que há anos sofrem com esta agressão ao rio e pagam por um serviço de saneamento que não funciona”.
E acrescenta que “procuramos uma resposta urgente da APA [Agência Portuguesa do Ambiente] e dos municípios a este problema e gostaríamos muito de saber para onde foram parar todos os fundos investidos na ETAR”.
Os movimentos relembram que já em julho de 2022 a Comissão Europeia havia notificado formalmente Portugal de que “Paços de Ferreira é uma das aglomerações que não cumpre as obrigações respeitantes ao tratamento de águas residuais (Diretiva 91/271/CEE do Conselho, de 21 de maio de 1991)”, e que Bruxelas estará “a tomar medidas legais para garantir o cumprimento integral da legislação da UE”.
Em paralelo, os dois movimentos lançaram um manifesto através do qual pedem “justiça” e planeiam recolher assinaturas junto das populações locais e manifestantes.