Necessidade urgente de mais ajuda para as algas
Um novo estudo da Te Herenga Waka-Victoria University of Wellington mostra que o aquecimento das águas está a pôr em perigo as nossas florestas de algas.
O estudo, publicado no New Zealand Journal of Botany, foi dirigido por Christopher Cornwall da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade. Cornwall afirma que as comunidades de algas “icónicas” da Nova Zelândia são “económica, ambiental e culturalmente cruciais”.
“Os ecossistemas de algas marinhas, incluindo as florestas de kelp, são os nossos viveiros e habitats submarinos mais importantes. Fornecem alimento, abrigo e outros serviços ecológicos a espécies como o pāua, e o lagostim, bem como a uma série de espécies de peixes, incluindo o pargo”, alerta.
O responsável acrescenta que “todas estas espécies sofrerão, ou deixarão de existir em alguns casos, se os ecossistemas de algas marinhas morrerem.”
O aquecimento dos oceanos tem conduzido a um aumento da frequência, duração e intensidade das ondas de calor marítimas, tanto a nível mundial como em Aotearoa, enquanto a acidificação dos oceanos também tem aumentado. Mas até agora, a maior parte da informação sobre os efeitos nos ecossistemas submarinos da Nova Zelândia não foi ainda sintetizada.
Quatro fatores de stress nos ecossistemas de algas marinhas
Com uma equipa de cientistas internacionalmente reconhecidos de toda a Aotearoa, Cornwall investigou os efeitos de quatro fatores de stress nos ecossistemas de algas marinhas: ondas de calor marinhas, escurecimento costeiro, aquecimento dos oceanos e acidificação dos oceanos.
Segundo o investigador, na maioria dos casos, a perturbação que cada um destes fatores de stress poderá provocar será provavelmente irreversível. “As nossas conclusões revelam que a variedade e a saúde de muitas das nossas espécies de algas marinhas irão mudar, sendo as espécies sensíveis, como a alga gigante, as mais afetadas”, explica, acrescentando que, “uma vez extintas, será muito difícil restaurar os ecossistemas para que voltem a ser o que eram”.
Uma investigação anterior de Cornwall observou efeitos semelhantes do aquecimento das águas nos ecossistemas dos recifes de coral do mundo.
“Já vimos muitos danos com eventos de branqueamento em massa de corais causados por ondas de calor marinhas. A capacidade dos corais para persistirem e continuarem a crescer será fortemente influenciada pelo aquecimento em curso”, diz ainda Cornwall que considera que “é necessária uma ação urgente”.
“Penso que a maioria do público não faz ideia da magnitude do que se está a aproximar. As florestas de algas podem não receber tanta atenção a nível mundial como os recifes de coral, mas são igualmente importantes e estão igualmente em risco”, avisa.
O investigador conclui: “precisamos de melhores políticas de proteção marinha, incluindo a proteção contra a sobrepesca para além das reservas marinhas reservas marinhas e uma gestão adequada baseada nos ecossistemas ao nível dos recifes. A par disto, precisamos de esforços de restauração que tentem criar espécies mais resistentes à temperatura e à luz fraca – sem isso, o prognóstico não é ótimo”.