Nova investigação revela o grande impacto da raposa-vermelha na fauna australiana



Um dos predadores invasores mais impactantes da Austrália conseguiu colonizar todo o continente em apenas seis décadas, segundo uma nova investigação liderada pela Curtin University. O estudo, que recorreu a ferramentas estatísticas para reconstruir os padrões de invasão da raposa-vermelha europeia, fornece pistas essenciais para travar futuras extinções de espécies nativas.

Através da análise de centenas de registos de primeiros avistamentos e milhares de simulações computacionais, os investigadores conseguiram traçar a propagação desta espécie predadora introduzida pelos colonos europeus no final do século XIX.

“O impacto das raposas-vermelhas e dos gatos domésticos introduzidos é enorme. Estima-se que juntos matem cerca de 300 milhões de animais nativos por ano na Austrália”, afirma o autor principal do estudo, Sean Tomlinson, da Escola de Ciências Moleculares e da Vida da Curtin University.

“As nossas reconstruções detalhadas mostram que as raposas preencheram a totalidade do seu potencial de distribuição em apenas 60 anos. Estes dados biogeográficos são fundamentais para quantificar as perdas passadas e prevenir novas extinções”, acrescenta.

A população atual de raposas na Austrália ronda os 1,7 milhões de indivíduos, sendo que o Conselho de Espécies Invasoras estima que pelo menos 16 espécies de mamíferos tenham sido extintas, parcial ou totalmente, devido à ação destes predadores.

O estudo indica que as raposas foram introduzidas de forma deliberada em vários pontos do território a partir de 1870. “Os nossos modelos sugerem que a expansão começou no sudeste do país, entre 1870 e 1895, com uma rápida progressão para norte e oeste. Por volta de 1900, todas as zonas habitáveis do sudeste já estariam ocupadas”, explica Tomlinson.

A fase final da colonização terá ocorrido no noroeste australiano, estando o território totalmente ocupado por raposas em 1940.

A investigação, realizada em colaboração com a Universidade de Adelaide e o Instituto GLOBE da Universidade de Copenhaga, integra um projeto do Conselho Australiano de Investigação Científica. Os autores esperam que esta metodologia possa ser aplicada ao estudo de outras espécies invasoras, como os gatos, contribuindo para conter o declínio da biodiversidade no país.






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