Nova Orleães vai utilizar soluções holandesas e dinamarquesas para evitar inundações



Enquanto, na Europa, cidades como Amesterdão e Veneza construíram uma densa rede de canais para evitar as inundações, a histórica região de Nova Orleães, nos Estados Unidos, preferiu fortificar as barreiras contras os lagos, rios e pântanos, evitando qua a água em excesso entrasse em casa dos residentes das zonas mais baixas e costeiras.

Esta estratégia foi sendo posta em causa ao longo dos anos, mas a intensidade e mortandade do furacão Katrina, que em 2005 submergiu 80% da cidade, levou a uma mudança radical na forma como Nova Orleães se relaciona com a água.

Segundo o The Times-Picayune, a cidade está a utilizar um financiamento de €125 milhões, garantido pelo Department of Housing and Urban Development norte-americano, para alterar radicalmente a paisagem do seu bairro de Gentilly, que passará a filtrar e reter a água das chuvas, em vez de a expulsar.

Esta abordagem inspira-se em projectos idênticos na Holanda e Dinamarca e, caso seja bem- sucedida, poderá marcar uma nova era na forma como a América – e as cidades norte-americanas – lidam com a água que a rodeia.

O bairro de Gentilly situa-se na zona norte do Quarteirão Francês – French Quarter -, ao lado do espaçoso City Park (oeste), do Inner Harbor Navigation Canal (este), do lago Pontchartrain (norte). Constituído por moradias unifamiliares e ruas espaçosas, o bairro alberga ainda as universidades de Nova Orleães e Dillard.

Durante grande parte da história da cidade, os construtores evitaram construir nos pântanos. No entanto, a euforia económica pós-Segunda Guerra Mundial levou a indústria imobiliária a cometer alguns erros, construindo em zonas pouco seguras – assim nasceu, entre outros, o agradável bairro de Gentilly. Para proteger estes locais foram construídas várias fortificações – de cimento – para manter a água fora destes locais.

As fortificações são eficientes para conter os rios, lagos e quase todas as tempestades – mas não todas –, mas pouco podem fazer em relação à água da chuva, que tem de ser retirada através de bombas. Mas anos e décadas de retirar água do solo levou a um abaixamento dos terrenos, o que torna o desafio de ficar seco ainda mais complexo, avança o CityLab.

Do bairro para a cidade. Da cidade para outras cidades

A nova estratégia para o bairro de Gentilly e outras áreas costeiras propõe-se a desenvolver uma série de intervenções para permitir a filtragem e armazenamento da água das chuvas, de forma proteger as casas dos cidadãos. Paralelamente, a cidade pretende que estas obras gerem oportunidades económicas na sociedade.

“É um projecto gigantesco e um preço a pagar para o futuro da cidade”, explicou o chief resilience officer da cidade, Jeff Herbert. “A forma como desenhámos o projecto leva-nos a concentrar os nossos esforços numa parte da cidade para provar a sua viabilidade – e depois transferi-os para outras partes da cidade”, concluiu.

O item mais dispendioso do orçamento, no valor de €80 milhões, é uma rede de canais fechados e parques que absorvem água. Caso o projecto seja bem-sucedido, ele chegará a áreas desprotegidas da cidade, gerando emprego e retorno económico, para além de segurança. Depois, quem sabe, a outras cidades costeiras norte-americanas.

Fotos: Gilles FRANCOIS / Infrogmation of New Orleans / Mark Gstohl / Creative Commons

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