Novo estudo esclarece formas de melhorar a conceção de passagens ecológicas para as tartarugas de água doce



As tartarugas de água doce estão entre os grupos de vertebrados “mais ameaçados” a nível mundial e, no mundo moderno das zonas húmidas altamente urbanizadas, travam uma “batalha constante” pela sobrevivência quando deixam a segurança do seu habitat aquático para nidificar em terra, sublinha a Universidade de Murdoch em comunicado, divulgado pelo site “Scimex”.

Segundo a mesma fonte, até agora, a informação existente sobre a conceção eficaz de passagens ecológicas para permitir a sua deslocação segura de um lado para o outro da estrada era “limitada”.

Investigadores do Instituto Harry Butler da Universidade de Murdoch estudaram a tartaruga-pescoço-de-cobra (Chelodina oblonga) – encontrada no sudoeste da Austrália Ocidental – e descobriram que esta espécie “Quase Ameaçada” (de acordo com a lista da União Internacional para a Conservação da Natureza) “beneficiaria provavelmente de forma significativa com a instalação de túneis recentemente concebidos, bem como com alterações simples efetuadas nos túneis de vida selvagem existentes, para melhorar as suas hipóteses de uma travessia rodoviária bem sucedida e mais rápida”.

Este estudo fornece o primeiro relato dos fatores que “podem otimizar a passagem bem-sucedida de tartarugas de pescoço de cobra do Sudoeste para reduzir a mortalidade relacionada com as estradas, contribuindo para a conservação e gestão da espécie e das tartarugas de água doce em geral”.

O ecologista de tartarugas do Instituto Harry Butler, Anthony Santoro, afirma que a vulnerabilidade das tartarugas de água doce à mortalidade por veículos “exigiu este estudo do seu comportamento e ajudará a desenvolver estratégias eficazes para melhorar a sua segurança”.

“As tartarugas de água doce efetuam migrações sazonais através de paisagens terrestres para nidificar, bem como para se afastarem de condições de habitat indesejáveis”, afirmou Santoro.

“Como parte desta investigação, testámos se os diferentes níveis de luz nos túneis afetavam a sua capacidade de os utilizar com sucesso para, por conseguinte, atravessar em segurança as estradas. As tartarugas no tratamento com luz tinham uma probabilidade significativamente maior de atravessar o túnel, com 97,3% das tartarugas no tratamento com luz a atravessar com sucesso, em comparação com apenas 30% das tartarugas nos túneis escuros”, revelou o investigador lamentando o facto de muitas das atuais passagens de túneis de vida selvagem em Perth serem escuras.

Santoro sublinha que a investigação levou a equipa a sugerir alterações simples que podem ter um “grande impacto” no futuro das tartarugas de água doce.

“Como resultado deste estudo, as nossas sugestões são a construção de novas passagens inferiores com grelhas abertas nas zonas húmidas rodeadas de estradas, onde é frequente ocorrerem atropelamentos de tartarugas, ou a modificação das passagens inferiores existentes para aumentar os níveis de luz”, explica.

“Quando tal não for possível, pode ser instalada iluminação artificial, que pode ter efeitos semelhantes aos da luz natural; qualquer das opções reduziria provavelmente a mortalidade relacionada com as estradas”, acrescenta.

O grupo sugeriu que a monitorização complementar também seria útil para fornecer uma “compreensão adicional e mais aprofundada da utilização das passagens subterrâneas pelas tartarugas”, conclui o comunicado.





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