O conceito de “Energia” domina a nova programação da Galeria Municipal do Porto
“Energia” é o tema da nova programação da Galeria Municipal do Porto que arranca este sábado com a instalação “A fundo na paisagem”, da dupla Landra, e que se estende até fevereiro de 2023 com concertos, ‘workshops’ e conferências.
O guitarrista e compositor norte-americano Arto Lindsay, a poeta, ensaísta, dramaturga e ‘performer’ de origem jamaicana Claudia Rankine, vencedora do Prémio PEN dos EUA, o filósofo italiano Emmanuelle Coccia, autor de “Vida sensível” e “O bem nas coisas”, além da ‘dupla’ Sara Rodrigues e Rodrigo Camacho, que constituem os Landra, são alguns dos protagonistas da programação.
“A programação da ‘Galeria Energia’ tem quatro linhas de ação. Linhas que são transdisciplinares e que têm elas nomes próprios: ‘Pasto e Pasto’, ‘Concertos Comentados’, ‘Imaginários’ e ‘Arte é Ciência'”, declarou Filipa Ramos, diretora artística da Galeria Municipal do Porto, na conferência de imprensa de apresentação da programação da Galeria Municipal do Porto
Para abrir a nova programação está “A fundo na paisagem”, dos Landra, uma instalação incluída na linha de ação “Pasto e Pasto”.
A instalação de Sara Rodrigues e Rodrigo Camacho vai estar patente no Círculo Católico de Operários do Porto, a partir das 10:00 do dia 8 de outubro, e pode ver-se o chão do pátio feito em cimento e alcatrão levantado, onde depois os artistas prepararem o espaço com cascalho e compostos, a fim de poder receber sementes.
“Este ‘workshop’ repensa a forma como o que comemos hoje se impõe sobre a paisagem que virá”, lê-se no dossiê de imprensa entregue à comunicação social.
“Concertos Comentados” é outra das linhas de ação da programação, em que a organização destacou a participação dos artistas Arto Lindsay e Lamin Fofana, que “partilharão as suas influências e referências estéticas e musicais”.
O concerto de Arto Lindsay (membro fundador dos históricos DNA da cena nova-iorquina) está agendado para daqui a um mês, no dia 8 de novembro, vai acontecer pelas 19:00 no Círculo Católico de Operários do Porto (CCOP) e está classificado pela própria organização como “imprevisível”.
“Improvisar, cantar, sintonizar e desconcertar-se dos outros, definem a sua [de Arto Lindsay] prática das últimas quatro décadas. Este concerto, em colaboração com o baixista Melvin Gibbs será um acontecimento imprevisível”.
No dia 21 de outubro, pelas 19:00, no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett (Porto), vai acontecer “Uma história da Aia de Olympia”, de Claudia Rankine, e que se insere na linha de ação “Imaginários”.
Claudia Rankine partirá da investigação da historiadora de arte Denise Murrell, abordando o quadro “Olympia” (1863), de Édouard Manet, e o conceito de “fabulação crítica” de Saidiya Hartman, “como plataformas para discutir o trabalho de poetas e artistas contemporâneos que também veem esta pintura/objeto como lugar de intervenção”, explica a organização.
Na linha de ação “Arte é Ciência”, o destaque vai para “Metamorphosis”, de Emmanuelle Coccia, no dia 11 de novembro, pelas 19:00, no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett.
A partir da transformação da lagarta em borboleta, o filósofo Emmanuelle Coccia “reflete e questiona a estrutura da vida a partir da sua capacidade mais extrema: a da metamorfose” e concluiu que a vida é indissociável de uma identidade anatómica e ecológica específica em que “todos os seres vivos participam numa existência única”.
Emmanuelle Coccia é professor associado de Filosofia na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) de Paris, especialista em teologia medieval, com uma obra que explora a biologia, estética e arte contemporânea. Coeditou a antologia “Angeli. Ebraismo Cristianesimo Islam”, com o filósofo Giorgio Agamben, autor de “Estado de Excepção”.
O novo programa, que decorre de outubro de 2022 a fevereiro de 2023, assenta no tema da “energia” como uma “entidade que nos une, move e constitui enquanto seres vivos”.
“Aborda temáticas que vão da memória cultural a questões de identidade racial e de género, procurando estimular diálogos transdisciplinares e dar a conhecer pesquisas artísticas enraizadas nas tradições medicinais e culinárias do Norte”, lê-se no dossiê de imprensa.