O peixe dos pobres vai ficar na moda (com VÍDEO)
A cavala algarvia, em tempos considerado o peixe dos pobres, continua a ser olhada de lado e quase sempre desperdiçada. Mas um projecto do Centro de Ciências do Mar, na Universidade do Algarve, está a estudar a espécie e tentar promover o seu consumo.
José Domingos, chef de cozinha da Escola de Hotelaria de Faro, tem percorrido várias feiras gastronómicas da região para tentar perceber o porquê do desperdício e, de caminho, incentivar a confecção e consumo de cavala. “Quase todas as turmas que saem da Escola de Hotelaria de Faro, neste momento, são incentivadas a comer o peixe mais barato”, explicou o responsável ao Economia Verde.
A Escola de Hotelaria de Faro é outro dos parceiros do projecto, e o chef Domingos garnate que um prato de arroz malandrinho com cavala não ultrapassa os €1,60. Segundo Mafalda Rangel, investigadora do Centro de Ciências do Mar, o grande objectivo é valorizar o recurso.“A cavala é um peixe muito bom do ponto de vista nutricional. É um peixe gordo com, maioritariamente, gorduras insaturadas. É muito rico em Ómega 3”,explicou a responsável.
Quando chega à lota, o preço de custo da cavala fica abaixo do €1,5 por quilo. Como o preço não compensa, há uma grande quantidade de cavala que é rejeitada ainda no mar. “O cerco é dirigido à sardinha. Quando os pescadores não apanham sardinha, que é o que tem acontecido nos últimos anos, apanham cavala. Se ela vier abaixo dos 20 centímetros, que é o que acontece nesta região, ela é rejeitada no mar”.
Este problema foi identificado por um grupo de pescadores da região, que pediu ajuda ao Centro de Ciências do Mar para que se consiga perceber se este peixe já pode ser capturado com menos de 20 centímetros. “Queremos ter pelo menos um ano de amostragens biológicas para conseguirmos saber qual o tamanho de primeira maturação nesta região. Provavelmente, a cavala matura antes do tamanho de desembarque, que são os tais 20 centímetros”, conclui Mafalda Rangel.
O projecto – Cavala Algarvia, venha prová-la – é financiado em €80.000 pelo PROMAR, através do Grupo de Acção Costeira do Barlavento. Conheça-o melhor no episódio 305 do Economia Verde.