O perfil dos novos agricultores portugueses: Sandra Fabrício



Sandra Fabrício começou a sua ligação à agricultura, então de forma informal, com uma “hortinha-de-lazer”. “Sempre tivemos casa com jardim e uma pequena horta”, explica a jovem ao Green Savers.

Em 2010, Sandra (na foto com José Jordão, presidente do Centro de Frutologia Compal) e o marido começaram à procura de terras para instalar um pequeno pomar, um projecto em part-time e sem qualquer responsabilidade comercial. Quando a crise económica começou a sentir-se de forma mais intensa, o casal – ambos engenheiros civis – teve de redefinir o futuro profissional. “O trabalho em engenharia civil, nas nossas áreas, diminuiu exponencialmente, em meados de 2011. A opção não podia ter sido mais natural, seguir a agricultura”, explica hoje.

A primeira empresa foi criada em Agosto de 2011 e a primeira campanha Primavera-Verão surgiu no ano seguinte. Desde então, e com a participação na Academia do Centro de Frutologia Compal, a visão empresarial que tinha foi alterada e melhorada.

“Algumas estratégias tiveram de ser reestruturadas e, nesse novo cenário, a Academia Compal proporcionou-nos maior segurança e assertividade. Levou-me também a uma maior envolvência na nova actividade da empresa, a instalação de pomares, acreditando que conseguirei ser uma mais-valia em todo o processo”, explicou Sandra.

A nova agricultora espera vir a produzir 26,3 toneladas de pêssegos e ameixas no primeiro ano, numa exploração com uma dimensão de 6.4 e 52 há na região de Idanha-a-Nova. No final do quarto ano, espera produzir 262 toneladas.

Da prospecção à formação

Numa primeira fase, Sandra procurava instalar-se numa zona mais próxima do seu local de residência, em Cebolais de Cima, Castelo Branco. Porém, na fase de prospecção, foi alargando a área geográfica e chegou ao Ladoeiro, Idanha-a-Nova, um local com excelentes infra-estruturas, sistema de regadio e terras produtivas.

Foi com base no conhecimento dos pomares da região que ela chegou aos pêssegos e ameixas. “A fruta que escolhemos tem provas dadas na região, pelo que, para arranque, diminui o risco de insucesso. Mas pretendemos avançar com outras variedades, para as quais iremos criar uma pequena área de experimentação”, explica.

Enquanto espera pela instalação dos pomares, Sandra pensa já nos desafios dos próximos tempos. “[É difícil garantir] a sustentabilidade de uma empresa que, cada vez mais, se vê confrontada com impostos, taxas, contribuições, fiscalizações – que nunca são pedagógicas, mas fontes de receita – e outros afins”, explica a empreendedora.

Além disso, continua, “o preço à saída da exploração e o preço pago pelo consumidor não é lógico nem saudável”. E isto é mau para produtores e famílias.

Na formação, Sandra aprendeu a “apostar no processo produtivo e confiar a comercialização a uma organização de produtores”, escolhida pelos seus critérios. Em função destes conselhos, a jovem redefiniu as culturas e variedades e áreas. Agora, espera pelas cenas dos próximos capítulos.

Veja também o perfil de Joana Rossa.

Este é o segundo de três artigos que o Green Savers irá desenvolver sobre os vencedores da bolsa do Centro de Frutologia Compal (CFC), apresentado em Novembro passado e que atribuiu €20 mil aos três jovens fruticultores cujos projectos mais se destacaram na primeira edição da Academia CFC.





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