O que acontece aos migrantes africanos que não conseguem chegar à Europa?



Durante dois anos, Mohamed Hossien Geeldoon tentou deixar a Somalilândia natal e viajar ilegalmente até à Europa. Então com 21 anos, Mohamed falhou várias vezes esta passagem intercontinental, para grande custo pessoal e financeiro da sua família, e regressou a casa para contar a sua história e convencer outros jovens a não repeti-la.

Segundo o Irin, Mohamed é o exemplo de que a viagem dos migrantes não começa no Mediterrâneo, mas bem antes – temporal e geograficamente. Até Julho, cerca de 160.000 migrantes chegaram à Europa vindos de África e Médio Oriente, mas muitos mais nem sequer conseguiram entrar nos barcos.

Vindo de uma região de 3,5 milhões de pessoas, com um desemprego entre os 60 e 70% e um estado não reconhecido internacionalmente – a Somalilândia – Mohamed tem agora 27 anos e tentar explicar aos seus concidadãos que a ideia obsessiva de chegar à Europa está e cegá-los. E a prejudicar esta região.

Segundo o comissário de imigração da Somalilândia, Maxamed Cali Yuusuf, cerca de 300 pessoas deixam a região, todos os meses, para tentar chegar à Europa. Antes, têm de passar pela Etiópia, Sudão e Líbia.

Ao tentar convencer os jovens a não seguirem os seus passos, Mohamed conta algumas das histórias que viu na primeira pessoa: desde um contrabandista que abandonou 32 pessoas no meio do deserto do Sahara, uma viagem infernal onde 15 pessoas do grupo morreram; ao contrabandista que bateu numa mulher grávida, na fronteira da Líbia, devido a incumprimento de pagamentos por parte da família; e ao homem que saltou para o oceano, num barco cheio de migrantes, porque julgou ter visto terra.

“Às vezes conto a minha história às pessoas, mas elas, ainda assim, vão”, explicou Mohamed ao Irin.

 

 





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