Os edifícios pós-modernos que Paris estigmatizou



Durante trinta anos, entre 1950 e 1980, uma série de complexos residenciais futuristas foram construídos à volta de Paris, uma tentativa de combater a crise de habitação da cidade e acomodar o grande fluxo de migrantes estrangeiros que chegaram à cidade depois da Segunda Guerra Mundial.

Apesar de, na teoria, os apartamentos serem “manifestações impressionantes de ideologia moderna e pós-moderna”, como lhes chama o Fastco Design, os edifícios foram estigmatizados pela opinião pública e media, que os viu como antros de desemprego, delinquência e exclusão.

Passados 65 anos após os Grands Ensembles começarem a ser construídos, o fotógrafo francês Laurent Kronental visitou-os para tentar reescrever a história da sua arquitectura e dos seus residentes, muitos deles desde o primeiro dia. “Quis mostrar a relação entre a grandeza desta arquitectura e as pessoas idosas que lá vivem”, comentou Kronental. “Aos meus olhos, elas representam a memória daqueles locais”.

O profissional francês passou quatro anos a fotografar os edifícios, que têm todo o tipo de características: das funcionais às quadradas, modernas, ornamentais ou mais clássicas. E embora eles sejam, na sua maioria, vastamente habitados, Krontental quis retractá-los como edifícios abandonados. “Quis, deliberadamente, dar a impressão que estas cidades deixaram de ter habitantes. É um mundo fantasmagórico, cidades com grandes estruturas, que devoram humanos e são responsáveis por muitos dos nossos medos e esperanças – tal e qual a própria organização de uma cidade”, concluiu.

Hoje, muitos destes edifícios estão condenados à demolição. Kronental procurou também fotografá-los enquanto é possível. Até porque, mesmo os maiores fãs da cidade, provavelmente não os conhecem – ou conheceram – até agora.

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