Os grandes desafios da recolha de equipamentos eléctricos e electrónicos



A partir de 2016, a maioria dos Estados-Membros da União Europeia, incluindo Portugal, terão um grande desafio: recolher, todos os anos, 45% dos equipamentos eléctricos e electrónicos (EEE) colocados no mercado nacional nos três anos anteriores. A partir de 2019, essa meta deverá atingir os 65%.

Hoje, de acordo com os dados da Amb3E, esta percentagem ainda não seria possível de atingir em Portugal. “As metas a atingir vão ser mais elevadas e isso vai obrigar a um grande esforço colectivo de todos. Vai ser necessário continuar a sensibilizar a população para que todos assimilemos que, ao colocarmos um electrodoméstico para reciclar num Ponto Electrão, estamos não só a preservar o ambiente e os recursos naturais mas também a contribuir para a criação de centenas de postos de trabalho em Portugal”, explicou ao Green Savers o director-geral da Amb3e, Jorge Vicente.

São postos de trabalho directamente envolvidos na recolha, triagem, tratamento e valorização destes resíduos e que podem garantir uma economia verde do sistema. É que, segundo dados da Comissão Europeia, cerca de dois terços dos equipamentos eléctricos e electrónicos colocados no mercado acabam por ser recolhidos separadamente do lixo normal. “Mais de metade é exportada ilegalmente ou tratada de forma inadequada, com efeitos nocivos para o ambiente e economia”, explica o responsável, que alerta para os constantes avisos da Amb3E às autoridades ambientais e policiais sobre o assunto.

“É necessário optimizar os circuitos de recolha e minimizar os circuitos informais”, continua.

Chegar ao mercado informal é o desafio
Jorge Vivente não tem dúvidas. O principal desafio do sector é trazer para o mercado informal – comumente denominado de sucateiros – para o sistema integrado gerido pela Amb3E. “[Não podemos] abdicar das melhores práticas ambientais nem da sustentabilidade económica do sistema”, avança.

Outras das soluções para melhorar os números portugueses passa por “reforçar as acções de sensibilização e informação”, para que o encaminhamento deste tipo de resíduos “passe a fazer parte dos hábitos do consumidor”.

“Temos recebido pedidos para realizarmos palestras em escolas, acções de sensibilização e informação para sectores específicos demonstrando o interesse que esta temática tem suscitado. Contudo, ainda há trabalho a fazer”, continua.

Recolha cresce em Portugal até 2011
Em Portugal, a percentagem de recolha tem vindo a crescer até 2011. Segundo os dados da Amb3E, é possível verificar uma grande subida desde os 11% de 2007 ou 17% de 2008 até aos 43% de 2011. Em 2012, e ainda segundo os dados da Amb3E, verificou-se um decréscimo da recolha de EEE, para os 37,6%.

A taxa de recolha média dos sistemas pertencentes ao WEEEForum também tem vindo a aumentar, estando nos 38%, um valor em consonância com os dados portugueses. “Começa a desenvolver-se uma maior consciência social, mas também económica, na reciclagem destes equipamentos. [Esta consciência está] ligada à percepção de que, quando reciclamos, estamos não só a ajudar o ambiente mas também a economia do País, a incentivar o emprego e a diminuir o custo das matérias-primas”, explica Jorge Vicente.

O WEEEForum é uma associação europeia, criada em 2002, cuja missão é a prossecução da excelência e melhoria contínua da gestão dos REEE. Hoje, o WEEEForum é constituído por 39 entidades gestoras de REEE – Portugal é representado pela Amb3E.

“A principal missão do WEEEForum é servir como plataforma de cooperação e debate entre os seus membros, desenvolvendo mecanismos que permitam a troca de práticas adoptadas e resultados entre os seus membros, permitindo optimizar a performance de cada entidade gestora”, explica Jorge Vicente. Assim, um grupo de trabalho dedicado à recolha promove o benchmarking dos circuitos de recolha, campanhas, ações de sensibilização e comunicação a nível europeu, de forma a identificar e avaliar os casos de sucesso, para poderem ser replicados noutros países. Um destes casos de estudo é português: o Ponto electrão.

Portugal no bom caminho
Se analisarmos os dados de 2011, há três países europeus que sobressaem: Noruega, Suíça e Suécia, com mais de 19, 17 e 16 kgs de resíduos recolhidos por habitante, respectivamente. Estes são países com uma enorme maturidade no que toca à reciclagem de equipamentos eléctricos e electrónicos – e não só – uma vez que o fazem há mais tempo que outros, na Europa.

Na Suíça, esta reciclagem é feita há mais de 15 anos, na Noruega e Suécia há 13. Por outro lado, e se comparamos o desempenho de Portugal com outros países que começaram a fazer  a reciclagem de EEEEs no mesmo ano, 2006, verificamos que apenas a França supera os seus números.

Portugal, em 2011, ficou um pouco abaixo dos 6 kg por habitante, um número superior aos menos de 4 kg por habitante de Espanha e República Checa, mas inferior aos 7 kg/habitante da França.





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